Além dessa estrada, a OAS está construindo duas estradas na Bolívia, que Morales afirma que também estão atrasadas (Jorge Bernal/ AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2012 às 16h58.
La Paz - A construtora OAS respondeu nesta quarta-feira ao presidente boliviano, Evo Morales, que cumpriu o contrato para a construção de uma rodovia neste país, ao contrário do que o líder afirmou quando anunciou a anulação do acordo para a realização da obra.
A polêmica estrada cortará ao meio o Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) e sua construção é rejeitada pela comunidade indígena da região.
O assessor de comunicação da OAS na Bolívia, Pablo Siles, disse à Agência Efe que a companhia apresentou para a Administradora Boliviana de Estradas um relatório que comprova que a empresa está cumprindo o contrato. Na carta em que informou sobre a rescisão do acordo, o órgão questionou o cumprimento do contrato por parte da OAS.
"Fizemos um estudo técnico, jurídico e financeiro e demos nossa resposta. É um relatório completo, respaldado por diferentes documentos e certificados" explicou Siles.
O assessor acrescentou que o governo boliviano deveria conceder a OAS uma antecipação de US$ 83 milhões para as obras, mas só entregou US$ 16 milhões, e disse que o relatório inclui "todos os certificados onde se demonstra que a empresa investiu mais do recebeu".
Morales anunciou há duas semanas o "processo de anulação" do contrato com a construtora argumentando que a companhia descumpriu vários aspectos do acordo. A estrada ligaria o centro da Bolívia com a Amazônia.
Morales cancelou o contrato para a construção de duas partes da rodovia, mas não explicou o que acontecerá com o lance central, justamente o que corta ao meio o Tipnis.
Em 2012, uma marcha indígena percorreu centenas de quilômetros até La Paz, o que forçou o presidente a vetar a construção de uma rodovia dentro do território indígena, mas depois Morales se arrependeu e voltou a insistir na realização da obra.
A OAS ganhou a licitação para a construção da estrada, de 306 quilômetros, em 2008. O valor da obra é de US$ 415 milhões, dos quais US$ 332 milhões seriam financiados pelo BNDES.
Em 17 de abril, Morales disse que a presidente Dilma Rousseff era uma mãe pois compreendeu as razões para a anulação do contrato e negou que o litígio com a OAS causaria problemas bilaterais.
Além dessa estrada, a OAS está construindo duas estradas na Bolívia, que Morales afirma que também estão atrasadas.