Economia

Boletim Focus: projeção para inflação de 2023 sobe para 6,04% e do PIB avançou para 0,96%

Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e com maior peso, de 2024

Banco Central: Após o governo apresentar os detalhes da proposta de novo arcabouço fiscal, as projeções para as contas públicas em 2024 mudaram pouco no Boletim Focus (Agência Brasil/Reprodução)

Banco Central: Após o governo apresentar os detalhes da proposta de novo arcabouço fiscal, as projeções para as contas públicas em 2024 mudaram pouco no Boletim Focus (Agência Brasil/Reprodução)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 24 de abril de 2023 às 09h49.

Última atualização em 24 de abril de 2023 às 09h51.

A projeção do mercado financeiro para o IPCA - índice de inflação oficial - em 2023 voltou a aumentar no Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 24, mas a estimativa para 2024, horizonte mais relevante para a política monetária, ficou estável esta semana.

A expectativa para o IPCA deste ano passou de 6,01% para 6,04%. Um mês antes, a mediana era de 5,93%. Para 2024, a projeção continuou em 4,18%, contra 4,13% de quatro semanas atrás.

Considerando somente as 110 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 subiu de 6,04% para 6,07%. Para 2024, cedeu marginalmente, de 4,20% para 4,19%, considerando 104 atualizações no período.

Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana já está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.

A mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás. A estimativa para o IPCA de 2026 também continuou em 4,00%, mesmo porcentual de um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 3,0% para 2024.

Os economistas do mercado financeiro reduziram a projeção para a alta do IPCA de abril no Boletim Focus. A mediana passou de 0 57% para 0,55%, de 0,59% há um mês.

Para o IPCA de maio, a estimativa passou de 0,40% para 0,41%, contra a mediana de 0,40% um mês antes. Para junho, a previsão para o indicador saltou de 0,40% para 0,52%, de 0,36% há quatro semanas.

Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses subiu de 5,21% para 5,26%, de 5,36% há um mês.

Projeção do Focus de alta do PIB de 2023

O Boletim Focus mostrou melhora no cenário de crescimento econômico deste ano. A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 0,90% para 0,96%, contra 0,90% há um mês. Considerando apenas as 69 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 avançou de 0,94% para 0 99%.

Para 2024, o Relatório Focus também mostrou leve alta na estimativa de crescimento do PIB, de 1,40% para 1,41%, contra 1,40% de um mês atrás. Considerando, porém, apenas as 62 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 cedeu de 1,38% para 1,30%.

Em relação a 2025, a mediana baixou de 1,72% para 1,70%, de 1 71% quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que continuou em 1,80%, contra 1,78% há um mês.

O Banco Central elevou sua estimativa para o crescimento do PIB deste ano de 1,0% para 1,2% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do mês passado. Já na grade de parâmetros divulgada em março pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a estimativa do governo para a expansão da atividade em 2023 passou de 2,1% para 1,61%.

Após o governo apresentar os detalhes da proposta de novo arcabouço fiscal, as projeções para as contas públicas em 2024 mudaram pouco no Boletim Focus. A projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para o ano que vem cedeu de 64,50% para 64,00%, contra 64,50% de quatro semanas antes.

Já a projeção para o déficit primário em 2024 continuou em 0,80% do PIB, distante da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB), enquanto o déficit nominal previsto cedeu de 7,10% para 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7,40% do PIB, nessa ordem.

Após uma leitura mais aprofundada da nova regra fiscal proposta pela equipe econômica, o mercado financeiro teve uma reação negativa ao texto, principalmente devido ao número de exceções na norma de limite de gastos e à falta de punições mais severas em caso de descumprimento das metas fiscais. Há ceticismo também em relação à dependência de receitas extras para fechar as contas.

Para este ano, no Boletim Focus, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB também caiu, de 61,30% para 61,00%, mesma mediana de um mês antes. Já a projeção para o déficit primário em 2023 continuou em 1,00% do PIB, de 1,02% quatro semanas antes. Para o déficit nominal este ano, a mediana subiu de 7,80% para 7,85% na última semana, contra 7,80% de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Os economistas do mercado financeiro alteraram a expectativa para o superávit da balança comercial em 2023 no Boletim Focus divulgado nesta manhã. A projeção subiu de US$ 55,48 bilhões para US$ 57,70 bilhões, contra US$ 55,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana continuou em US$ 52,30 bilhões, de US$ 52,44 bilhões há quatro semanas.

Em relação à estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023, a mediana deficitária passou de US$ 49 90 bilhões para US$ 48,55 bilhões, ante US$ 50,40 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa deficitária passou de US$ 52,00 bilhões para US$ 52,50 bilhões, de US$ 51,39 bilhões há quatro semanas.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões, repetindo a mediana de um mês antes.

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