Economia

Boletim Focus: mercado projeta Selic mais alta para os próximos anos

A expectativa para a inflação oficial em 2023 passou de 4,65% para 4,63%

The initials IPCA and the percentage symbol written on wooden dice. (Rmcarvalho/Getty Images)

The initials IPCA and the percentage symbol written on wooden dice. (Rmcarvalho/Getty Images)

Publicado em 30 de outubro de 2023 às 09h13.

Última atualização em 30 de outubro de 2023 às 11h01.

A expectativa do mercado financeiro para o IPCA em 2023 caiu pela terceira semana consecutiva no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 30. A projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,65% para 4,63%. Um mês antes, a mediana era de 4,86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção piorou de 3,87% para 3,90%. Há um mês, era de 3,87%.

Considerando as 107 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,60% para 4,61%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,85% para 3,92% considerando também 107 atualizações no período.

Para 2025, que tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 14ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,50% pela 17ª semana seguida.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC divulgou projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, subiu a 3,1% no modelo. Para 2023, a projeção era de 5,0%. Os economistas do mercado financeiro mantiveram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses em 3,92%, de 4,02% há um mês.

No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.

No dia 20 deste mês, Haddad confirmou que não há previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. "Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias", disse o ministro, em São Paulo.

O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, já disse ao Estadão/Broadcast que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Lula, responsável por editar o decreto.

Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.

Os economistas reduziram a expectativa de inflação de curto prazo no Boletim Focus desta segunda. A mediana para outubro passou de 0,27% para 0,28%. Há um mês, a expectativa era de 0 38%. Para o IPCA de novembro, a estimativa seguiu em 0,30%, de 0,32% um mês antes. Já para dezembro, a previsão para o indicador passou de 0,51% para 0,50%, ante 0,52% de quatro semanas atrás.

Focus reduz projeção do PIB de 2023

O relatório trouxe leve alteração na projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 oscilou de 2,90% para 2,89%, contra 2,92% há um mês. Considerando apenas as 63 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,90% para 2,84%.

Para 2024, o Relatório Focus também trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando apenas as 61 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também seguiu em 1,50%.

Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, mesmo nível de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.

O governo espera que o crescimento do PIB este ano alcance 3,2%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Selic no Boletim Focus

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado mudou a mediana para a expectativa de Selic terminal no atual ciclo de flexibilização, de 9,00% para 9,25% ao fim de 2024. Há um mês, a estimativa era de 9,00%. Com a piora do cenário externo e com dúvidas sobre o fiscal, os economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central passaram a estimar um corte a menos na taxa básica de juros no próximo ano.

Já a expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11,75% ao ano pela 12ª semana consecutiva no Boletim Focus. A expectativa segue a sinalização mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais duas vezes este ano: nesta semana e em dezembro. Atualmente, após duas quedas, o juro básico da economia está em 12,75% ao ano.

Considerando apenas as 92 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, também passou de 9,00% para 9,25%, com 92 atualizações na última semana.

No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0 50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para "manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". Na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, acrescentou que a "barra" para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo.

Os membros do Copom afirmaram ainda que, dado o momento de grandes incertezas, não há ganhos em adiantar o tamanho do ciclo de cortes, mas reforçaram que será o necessário para garantir a convergência da inflação à meta.

No Boletim Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 também aumentou, de 8,50% para 8,75%. Um mês antes, era de 8,50%. Para 2026, a projeção continuou em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.

Dólar no Focus

O cenário esperado para o câmbio brasileiro neste e no próximo ano não sofreu alteração. A estimativa para o câmbio no fim de 2023 seguiu em R$ 5 00, ante R$ 4,95 de um mês antes. Para 2024, a mediana continuou em R$ 5,05, ante R$ 5,02 de quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Boletim Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

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