Economia

Boletim Focus: mercado reduz para 6,02% projeção do IPCA para 2023

A expectativa para o IPCA deste ano na Focus cedeu de 6,05% para 6,02%, após cinco semanas de alta. Um mês antes, a mediana era de 5,98%

Boletim Focus: Considerando somente as 113 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 6,09% para 6,01% (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Boletim Focus: Considerando somente as 113 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 6,09% para 6,01% (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 8 de maio de 2023 às 09h27.

Última atualização em 8 de maio de 2023 às 09h33.

Monitoradas atentamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), as projeções para a inflação começaram a cair, ainda que levemente, no Boletim Focus desta semana.

A expectativa para o IPCA deste ano na Focus cedeu de 6,05% para 6,02%, após cinco semanas de alta. Um mês antes, a mediana era de 5,98%. Para 2024, ano em que o BC mira na estratégia de convergência da inflação para a meta, a projeção passou de 4,18% para 4,16%, contra 4,14% de quatro semanas atrás.

Considerando somente as 113 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 cedeu de 6,09% para 6,01%. Para 2024, porém, subiu de 4,17% para 4,20%, considerando 109 atualizações no período.

Apesar da queda nesta semana, a mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana já está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.

A mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 4,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás. A estimativa para o IPCA de 2026 também continuou em 4,00%, mesmo porcentual de um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

Na reunião Copom deste mês, o BC manteve suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 2,9% para 2024.

Os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a alta do IPCA de abril no Boletim Focus. A mediana continuou em 0,55%, de 0,59% há um mês.

Para o IPCA de maio, a estimativa subiu de 0,44% para 0,45%, contra a mediana de 0,39% um mês antes. Para junho, a previsão para o indicador variou de 0,53% para 0,52%, de 0,38% há quatro semanas.

Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu de 5,23% para 5,14%, de 5,20% há um mês.

Projeção da Selic no Focus

Após o Comitê de Política Monetária (Copom) de maio, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de deste ano continuou estável no Boletim Focus. Na semana passada, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela sexta reunião seguida.

A mediana para os juros básicos no fim de 2023 seguiu em 12,50% ao ano. Para o término de 2024, a expectativa também continuou em 10,00% pela 12ª semana consecutiva. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,75% e 10,00%, nessa ordem.

Considerando apenas as 95 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, seguiu em 10,00%, com 93 atualizações na última semana.

Na terceira reunião do Copom no novo governo Lula, o colegiado afirmou que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu parte da incerteza, mas que a conjuntura é marcada por um processo de desinflação que tende a ser lento em meio às expectativas de inflação desancoradas. Segundo o colegiado, esse contexto demanda maior atenção na condução da política monetária.

O BC ainda repetiu que vai continuar vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação à meta. Mas acrescentou que o cenário de retomada da alta de juros é menos provável, embora garanta que não hesitará em tomar esse caminho caso o processo de desinflação não ocorra como o esperado.

Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9 00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que subiu de 8 88% para 9,00%, de 8,75% um mês antes.

Projeção do dólar

O cenário para o câmbio brasileiro em 2023 e 2024 ficou estável pela segunda semana seguida no Relatório de Mercado Focus. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, de R$ 5,25 há um mês. Para 2024, a mediana permaneceu em R$ 5,25, contra R$ 5,27 quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

Projeção do PIB

O Boletim Focus mostrou estabilidade no cenário de crescimento econômico para este ano. A mediana das projeções para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 continuou em 1,00%, mesmo nível da semana passada. Há um mês estava em 0,91%. Já considerando apenas as 63 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 avançou de 1,00% para 1,02%.

Para 2024, o Relatório Focus mostrou queda marginal na estimativa de crescimento do PIB, de 1,41% para 1,40%, contra 1 44% de um mês atrás. Considerando apenas as 57 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 cedeu de 1,40% para 1,37%.

Em relação a 2025, a mediana se manteve em 1,80%, de 1,76% quatro semanas antes. O Boletim Focus ainda trouxe a estimativa para 2026, que continuou em 1,80%, repetindo a taxa esperada há um mês.

O Banco Central elevou sua estimativa para o crescimento do PIB deste ano de 1,0% para 1,2% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março. Já na grade de parâmetros divulgada em março pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a estimativa do governo para a expansão da atividade em 2023 passou de 2,10% para 1,61%.

A projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023 subiu de 60,55% para 60,70% no Boletim Focus desta semana, de 61,15% de um mês antes.

Já a projeção para o déficit primário em 2023 continuou em 1,00% do Produto Interno Bruto, de 1,01% quatro semanas antes. Para o déficit nominal este ano, a mediana também permaneceu em 7,80%, mesmo porcentual de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Para 2024, a projeção para a dívida líquida subiu de 64,00% para 64,10% do PIB, contra 64,50% de quatro semanas antes. Em relação ao déficit primário esperado para 2024, a estimativa continuou em 0,80% do PIB, distante da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). Da mesma forma, o déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7,10% do PIB, nessa ordem.

Déficit em c/c

Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 48,00 bilhões para US$ 47,70 bilhões, ante US$ 50,84 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit passou de US$ 52,75 bilhões para US$ 52,25 bilhões, de US$ 52,50 bilhões há quatro semanas.

Para o superávit da balança comercial em 2023, a projeção continuou em US$ 60,00 bilhões, contra US$ 55,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana avançou de US$ 54,60 bilhões para US$ 55,00 bilhões, de US$ 52,44 bilhões há quatro semanas.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões, repetindo a mediana de um mês antes.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraBoletim FocusCopomIPCAInflação

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor