Economia

BOJ e BOE prometem medidas para garantir estabilidade do mercado

Alguns economistas acreditam que as autoridades monetárias poderiam coordenar cortes dos juros pela primeira vez desde 2008, quando agoram para conter crise

Haruhiko Kuroda: em comunicado de emergência na segunda-feira, o presidente do Banco do Japão disse que a instituição “se esforçaria para fornecer ampla liquidez e garantir a estabilidade dos mercados” (Akio Kon/Bloomberg)

Haruhiko Kuroda: em comunicado de emergência na segunda-feira, o presidente do Banco do Japão disse que a instituição “se esforçaria para fornecer ampla liquidez e garantir a estabilidade dos mercados” (Akio Kon/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 2 de março de 2020 às 18h34.

Sob maior pressão para proteger a economia, bancos centrais do Japão ao Reino Unido prometeram agir conforme necessário para estabilizar os mercados financeiros abalados pela propagação do coronavírus.

Em comunicado de emergência na segunda-feira, Haruhiko Kuroda, presidente do Banco do Japão, disse que a instituição “se esforçaria para fornecer ampla liquidez e garantir a estabilidade dos mercados financeiros”. O Banco da Inglaterra, por sua vez, disse que trabalha com autoridades do Reino Unido e parceiros internacionais para “garantir que todas as medidas necessárias sejam tomadas para proteger a estabilidade financeira e monetária”.

As promessas seguem a declaração do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que na sexta-feira deixou a porta aberta para reduzir os juros nos EUA e conter o que ele chamou de “riscos em evolução” do vírus para o crescimento econômico.

A perspectiva de ação dos bancos centrais ajudou a reduzir as perdas do mercado acionário, que teve o pior desempenho desde a crise financeira global, há mais de uma década. Os mercados monetários agora projetam que o Fed irá reduzir a taxa básica em 50 pontos-base este mês. A probabilidade de que que o Banco Central Europeu reduza sua taxa em 10 pontos-base está em 70%.

Alguns no mercado apostam que o Fed poderia agir até antes da reunião programada para os dias 17 e 18 de março. Alguns economistas acreditam que as autoridades monetárias poderiam coordenar cortes dos juros pela primeira vez desde 2008, quando os bancos centrais agiram para impedir o colapso do sistema bancário internacional.

Investidores apostam cada vez mais que os bancos centrais da Austrália e do Canadá irão cortar os juros já nas reuniões desta semana.

“Os bancos centrais globais quase certamente induzirão uma forma ou outra de afrouxamento”, disse Vishnu Varathan, chefe de economia e estratégia do Mizuho Bank, em Cingapura.

Em outro sinal de crescente preocupação, a OCDE disse que o crescimento econômico global cairá para os menores níveis em mais de uma década devido ao impacto do surto sobre a demanda e a oferta.

Na segunda-feira, o governo francês disse que os ministros das Finanças do Grupo dos Sete realizarão uma teleconferência nesta semana para coordenar sua resposta à propagação do vírus. A Itália já tenta aumentar seu déficit fiscal para financiar pelo menos 3,6 bilhões de euros (US$ 4 bilhões) em medidas econômicas emergenciais.

Há apenas uma semana, os maiores bancos centrais diziam que era muito cedo para responder ao surto. A queda das ações globais obrigou a uma mudança de postura. Economistas do Goldman Sachs projetam que o Fed reduzirá a taxa básica de juros em 50 pontos-base este mês e, no total, em 100 pontos-base no primeiro semestre do ano. O Banco da Inglaterra deve reduzir os juros em 50 pontos-base, e o Banco Central Europeu em 10 pontos-base, segundo o banco.

“O bancos centrais globais estão intensamente focados nos riscos de baixa do vírus”, disseram economistas liderados por Jan Hatzius, em relatório no domingo. “Suspeitamos que vejam o impacto de um movimento coordenado na confiança como mais forte do que a soma dos impactos de cada ação individual.”

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