Economia

BofA: situação fiscal torna Brasil um dos emergentes mais frágeis

A avaliação do banco é que a aprovação da reforma da Previdência é essencial para corrigir o desequilíbrio das contas públicas

BofA: o banco avalia que o governo vai conseguir cumprir a medida que estabelece um teto para o aumento dos gastos públicos este ano (REUTERS/Mario Anzuoni/Reuters)

BofA: o banco avalia que o governo vai conseguir cumprir a medida que estabelece um teto para o aumento dos gastos públicos este ano (REUTERS/Mario Anzuoni/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 19h13.

A deteriorada situação fiscal do Brasil contribui para tornar o país um dos três mercados emergentes mais frágeis, avalia o Bank of America Merrill Lynch em relatório. Preocupações sobre o cumprimento ou não da chamada "regra de ouro", norma constitucional que impede que o governo aumente a dívida para pagar gastos correntes, devem persistir ao longo do ano, ressalta o banco norte-americano.

No curto prazo, devoluções de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro devem contribuir para o cumprimento da regra de ouro, mas no médio e longo prazo é preciso reforma estrutural para garantir que a norma constitucional seja respeitada, avalia o BofA.

A avaliação do banco é que a aprovação da reforma da Previdência é essencial para corrigir o desequilíbrio das contas públicas e que só o aumento da arrecadação pela melhora da atividade ou receitas extraordinárias, como as das privatizações e concessões são insuficientes para impedir a deterioração dos números fiscais no médio prazo.

Os economistas do BofA para o Brasil, David Beker e Ana Madeira, projetam que a relação Dívida/Produto Interno Bruto (PIB), um dos principais indicadores de solvência de um país, chegue a 81% este ano, um aumento de cinco pontos porcentuais em relação ao esperado para o fechamento de 2017 (75,9%). A estimativa é que o indicador deve seguir em alta até 2023, quando deve bater em 83%.

A avaliação do BofA é que o governo vai conseguir cumprir a medida que estabelece um teto para o aumento dos gastos públicos este ano, mas a partir de 2019 a situação ficará complicada.

Entre os principais mercados emergentes, África do Sul, Turquia e Brasil são as economias mais frágeis em 2018, segundo análise do BofA. Pelo lado positivo, as contas externas brasileiras estão em posição mais robusta que outros emergentes, mas o lado fiscal tem situação mais "desafiadora". Na África do Sul, o alto endividamento externo, do governo e das empresas contribui para a vulnerabilidade na economia, enquanto na Turquia uma das preocupações é a inflação alta.

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