Economia

BNDES prevê reduzir em 13% financiamento ao setor de cana

Financiamentos deverão cair em um momento em que o setor não tem grandes desafios de expansão da área cultivada


	Colheita de cana: desembolsos do banco de fomento para a indústria de cana cresceram 64 por cento em 2013 
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Colheita de cana: desembolsos do banco de fomento para a indústria de cana cresceram 64 por cento em 2013  (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 19h01.

São Paulo - Os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para indústria de cana do Brasil deverão cair 13 por cento neste ano, para 6 bilhões de reais, após um salto em 2013, em um momento em que o setor não tem grandes desafios de expansão da área cultivada.

Os desembolsos do banco de fomento para a indústria de cana cresceram 64 por cento em 2013 ante o ano anterior, para 6,9 bilhões de reais, no embalo de investimentos realizados na renovação de canaviais, visando o aumento da produtividade após safras frustrantes, e em maquinários para o campo.

"Em 2014 imaginamos que devemos desembolsar 6 bilhões de reais, dentro dos patamares de desembolso do setor nos últimos anos. 2013 é que foi um ano muito bom, 2014 vai ser um ano bom, é ainda um nível muito importante", disse à Reuters nesta terça-feira o gerente do Departamento de Biocombustíveis (Debio) do BNDES, Artur Yabe.

Historicamente, o BNDES responde por 40 a 50 por cento dos financiamentos da indústria brasileira de cana, que lidera a produção e exportação global de açúcar e está em segundo na produção de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos.

Do total desembolsado no ano passado, 2,1 bilhões de reais foram aplicados na área agrícola, quase o dobro do registrado em 2012.

Os investimentos no campo foram realizados com o apoio do governo --preocupado com fraco crescimento da produção de etanol em 2012--, com o objetivo de reduzir a capacidade ociosa da indústria de cerca de 30 por cento em anos recentes.

Com os investimentos em canaviais, essa ociosidade já não existe mais.


"Então essa demanda por investimento em novos canaviais, ou renovação, esse desafio já não se coloca da mesma forma, à medida que a capacidade (industrial) já se esgotou. Agora o desafio passa do setor agrícola para o industrial, à medida que atingimos a capacidade instalada", disse Yabe.

Segundo ele, o setor agora só eleva a produção de etanol e açúcar por meio de "greenfields" (unidades industriais novas) ou pela expansão de usinas existentes.

Para 2014, investimentos em novas unidades estão restritos, uma vez que o setor ainda não está convencido das condições de rentabilidade para novas indústrias. As maiores precupações são com os preços controlados da gasolina, que impõem um teto para os valores do etanol (combustível concorrente no Brasil); a grande oferta de açúcar no mundo; além de desafios tecnológicos, como a obtenção de variedades de cana mais produtivas e a produção do etanol de segunda geração, a partir da biomassa da cana.

Além dos investimentos no campo, o BNDES desembolsou 2,6 bilhões de reais para a indústria de açúcar em 2013, mais que o dobro do verificado em 2012. Para a área de etanol, os financiamentos cresceram 66 por cento ante o ano anterior, para 2 bilhões de reais. Os desembolsos para a área de cogeração de energia de biomassa, contudo, caíram para 200 milhões de reais no ano passado, ante 700 milhões de reais registrados em 2012.

Na avaliação de Yabe, os investimentos devem continuar ocorrendo na expansão da capacidade industrial de unidades existentes, com o objetivo de ampliar o "mix" de produtos das empresas, para que elas tenham mais flexibilidade de produção de açúcar, etanol anidro (misturado à gasolina) ou hidratado e menor exposição ao risco.

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