BNDES: a operação deve impactar positivamente cerca de 400 mil pessoas (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de outubro de 2022 às 14h21.
Última atualização em 24 de outubro de 2022 às 14h43.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) patrocinará a criação de fundos de direitos creditórios (FDIC) para financiar pequenos e médios fornecedores da cadeia de suprimentos de grandes "empresas âncora".
Um piloto do novo produto foi lançado em parceria com a Padtec, fornecedora de equipamentos de telecomunicações que atua com empresas provedoras de internet de pequeno e médio porte.
O FDIC piloto foi estruturado entre o BNDES, com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), e a Padtec. O aporte do BNDES no fundo poderá chegar a R$ 80 milhões.
Em nota, o BNDES informou que a operação deve impactar positivamente cerca de 400 mil pessoas, por meio das dezenas de pequenos e médios provedores que poderão contar com financiamento para aquisição de equipamentos da Padtec.
O novo produto foi batizado como BNDES Fundo de Crédito para Indústria e Serviços, em duas linhas. O banco de fomento não informou quantos FDICs — o instrumento é comum no mercado; os fundos investem em direitos creditórios, que correspondem aos créditos que uma empresa tem a receber, como cheques, parcelas de cartão de crédito ou até duplicatas, faturas, entre outros — pretende criar no âmbito do novo produto nem um valor total dos investimentos. Pelas regras da nova linha, o investimento mínimo do BNDES em cada fundo será de R$ 40 milhões.
Na primeira linha, os aportes serão feitos sempre em conjunto com uma empresa ou "instituição âncora". Essas grandes firmas dão origem aos "direitos creditórios a partir de suas atividades com clientes, fornecedores, prestadores de serviços, franqueados ou distribuidoras", informou o BNDES.
Para contratar a estruturação do FDIC com o banco de fomento, os interessados precisam levantar uma base de devedores composta de pelo menos 70% de micro, pequenas e médias empresas, além de produtores rurais e/ou pessoas físicas, que estejam inseridos em suas cadeias produtivas.
Na segunda linha, batizada "Instituição Âncora", o FDIC é estruturado pelo BNDES em parceria com um terceiro investidor, público ou privado. Nesse caso, o parceiro da instituição de fomento não é a empresa que dá origem aos direitos creditórios, mas, sim, investidores que "tenham interesse de fomentar setores produtivos que contem com a presença de MPMEs, porém das quais elas não sejam contraparte dos direitos creditórios".
BNDES Fundo de Crédito para Indústria e Serviços é o segundo produto anunciado este ano pelo banco de fomento para financiar pequenos e médios fornecedores de cadeias de suprimento. Em maio foi lançada a BNDES Crédito Cadeias Produtivas, como foi rebatizada, ao ser tornada permanente, uma linha de crédito para financiar a cadeia de fornecedores de grandes empresas, lançada em junho de 2020, em meio às medidas para mitigar a crise causada pela covid-19.
Nesse caso, o empréstimo é dado diretamente pelo BNDES — e não por um FDIC — com a "empresa âncora" como interveniente. Assim, os pequenos e médios fornecedores conseguem tomar o crédito com condições semelhantes às da "empresa âncora", ou seja, com juros menores e prazos maiores.
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