Montezano: "Vamos atuar de forma mais colaborativa com o setor privado" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de novembro de 2020 às 13h34.
Última atualização em 6 de novembro de 2020 às 15h19.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou que não há planos de estender as medidas emergenciais criadas no contexto da pandemia de coronavírus para além de 31 de dezembro, uma vez que a retomada da economia tem se mostrado bastante forte. Montezano ponderou que é preciso ter humildade e observar a evolução do quadro em meio à pandemia, mas que a expectativa é de um "Natal vibrante", considerando a retomada econômica que já está rodando acima do nível pré-crise e o sistema financeiro sólido do País, segundo o presidente do banco.
As declarações foram dadas durante participação no evento Itaú Macrovision 2020 nesta sexta-feira, 6.
Montezano destacou as medidas promovidas ou apoiadas pelo BNDES com o propósito de dar suporte a Estados e municípios, grandes empresas e, principalmente, pequenas e médias empresas, como o FGI dentro do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC), que já desembolsou R$ 75 bilhões, segundo o presidente do banco, linhas de capital de giro, crédito âncora e FDIC. "Já vemos hoje crédito chegando na ponta. Esse crédito já virou um crédito para retomada, estamos vendo uma retomada muito forte."
Segundo Montezano, o foco do BNDES a partir de agora é apoiar o setor privado em infraestrutura, ajudando a estruturar projetos, acesso a crédito a pequenas e médias empresas e em sustentabilidade. "Vamos atuar de forma mais colaborativa com o setor privado. Nova forma do BNDES vai equilibrar lucro financeiro e lucro socioambiental."
O presidente do BNDES repetiu ainda que o Brasil tem uma grande oportunidade para liderar o mercado de finanças sustentáveis, considerando que teve o mérito de manter seu patrimônio ambiental e criar um mercado de capitais dinâmico, além de ter uma democracia sólida.
Montezano afirmou que o BNDES irá atuar como articulador entre governo e setor privado e os principais pilares são trabalhar na construção de produtos para o capital poder fluir melhor de investidores interessados para as instituições e também na distribuição do conhecimento sobre o mercado de finanças sustentáveis.
O presidente do BNDES destacou que a estratégia de desinvestimento do banco, iniciada em 2019, já soma R$ 45 bilhões, mas que ainda falta de R$ 60 a R$ 65 bilhões em ações para se desfazer até o fim de 2022. Montezano disse que a estratégia teve uma pausa no começo da pandemia, mas já foi retomada, com uma operação referente à Vale e outra da Suzano, em que o BNDES encerrou a participação na empresa de celulose.
"Não temos pressa. Podemos fazer as mais diversas operações de acordo com a demanda do mercado. Vemos mercado de capitais robusto. A volatilidade em ofertas que é natural neste momento, mas a estrutura é muito boa", disse, no evento Itaú MacroVision 2020.
Montezano ainda comentou a emissão da primeira Letra Financeira Verde, em setembro, que captou R$ 1 bilhão, mas teve demanda de R$ 8 bilhões.
Segundo o presidente do banco, o passivo com Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é de longo prazo, mas que vê o mercado de capitais como um instrumento para fechar a matriz de curto prazo até 5 anos. "Pretendemos explorar novos instrumentos de capitais em seguros e garantias, que deve sair no ano que vem."