O BNDES não descarta retomar o crédito se houver a regularização sem contestações da obra (Divulgação/DNIT)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2011 às 22h06.
Rio de Janeiro - O conflito entre indígenas e o governo da Bolívia envolvendo a construção de uma rodovia naquele país pela brasileira OAS levou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a suspender a liberação dos recursos do financiamento, o que inviabilizou o pagamento dos serviços da construtora e culminou com a paralisação dos trabalhos.
O banco não comenta o assunto, mas a ordem na instituição é não liberar um só centavo até que a obra ganhe todos os contornos legais exigidos. A operação foi aprovada pela área internacional do BNDES na modalidade de financiamento à exportação de serviços (BNDES Exim). O aval da diretoria para financiar quase 80% do orçamento de US$ 415 milhões da rodovia que liga os estados bolivianos de Beni e Cochabamba condicionava a liberação dos recursos a uma série de exigências prometidas pelo governo boliviano.
Com a explosão dos protestos por causa da passagem da estrada por um território indígena, o BNDES paralisou o processo de liberação. Alterações na legislação boliviana em favor da proteção da região em questão produziram um impasse, o que acabou prejudicando o pagamento à construtora.
O BNDES não descarta retomar o crédito se houver a regularização sem contestações da obra, mas não hesita em sepultar de vez o financiamento. De acordo com uma fonte, o banco não está disposto a passar por cima de formalidades que possam contrariar suas políticas operacionais ou ameaçar sua imagem, ainda que não assuma a tarefa de avaliar o impacto social e ambiental do projeto.
Para o BNDES, a liberação do crédito está condicionada ao cumprimento das exigências da legislação boliviana e ao diagnóstico de auditorias independentes, o que ainda não aconteceu em relação ao trecho central da rodovia, apenas em relação aos trechos já iniciados. A obra é de interesse do Brasil não só pela exportação de serviços e equipamentos brasileiros, mas por criar rotas alternativas de acesso ao Pacífico para as exportações brasileiras.