BNDES: "Hoje, o que puxa a economia ainda é o consumo, apesar de restrições, mas no ano que vem será o investimento que está num patamar pífio", disse Freitas (Pilar Olivares/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de outubro de 2017 às 17h59.
Rio de Janeiro- Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devem oscilar entre 110 bilhões e 120 bilhões de reais em 2018, um crescimento de até 50 por cento em relação aos 80 bilhões previstos para este ano, disse nesta quarta-feira o diretor da área financeira da instituição, Carlos Thadeu de Freitas.
"Hoje, o que puxa a economia ainda é o consumo, apesar de restrições, mas no ano que vem será o investimento que está num patamar pífio", disse Freitas em entrevista à Reuters.
Neste ano até agosto, os desembolsos do BNDES somam cerca de 45 bilhões de reais, com isso, a expectativa do banco é de uma aceleração nos últimos meses do ano.
O superintendente da área financeira do BNDES, Selmo Aronovich, afirmou que espera que no último trimestre de 2017 os desembolsos operem em no mínimo 10 bilhões de reais ao mês. "A média do último trimestre será de pelo menos 10 bilhões de reais...Concessões, retomada da economia e juros baixos justificam esse otimismo", disse o superintendente à Reuters.
Segundo Freitas, as consultas de interessados em empréstimos do BNDES "estão melhorando razoavelmente bem, por isso a expectativa de desembolso para o ano que vem é de entre 110 bilhões e 120 bilhões de reais", afirmou ele citando as Finame e para capital de giro. A expectativa é baseada em um crescimento do PIB de 3 a 4 por cento em 2018.
O diretor da área financeira comentou que o banco deve captar entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares nos mercados externos em 2018, como forma de fazer frente a obrigações de desembolsos e atender em parte à chamada do governo federal para devolver recursos ao Tesouro.
"Hoje é possível captar 2 bilhões a 3 bilhões (de dólares) no exterior...Obviamente, o banco vai se voltar a captações externas, que é mais barato, porém não tão barato quando o dinheiro que veio do Tesouro Nacional", disse Freitas.
Ele estimou que em nome da prudência bancária o BNDES precisa ter em caixa, livre e disponível em 2018, 8 por cento do total das operações ativas, o equivalente a um "caixa prudencial entre 60 e 70 bilhões" de reais. O banco tinha em caixa até final de agosto cerca de 170 bilhões de reais, sendo que boa parte dos recursos já estava comprometida em financiamentos.
Mais cedo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, afirmou durante evento em São Paulo que a devolução em 2018 de 130 bilhões de reais cobrada do banco pelo governo "é materialmente improvável".
Questionado a respeito das demandas do governo, Freitas lembrou que como o Brasil mergulhou em crise em 2015 e 2016, a demanda por recursos do banco foi fraca e por isso os valores que o BNDES tem a receber nos próximos meses também será fraca. "Vai haver uma defasagem de uma volta fraca e demanda forte. Temos que atentar a isso e o banco tem que ter caixa mínimo", disse o diretor.