Presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim: governos devem se concentrar em aumentar a qualidade dos serviços básicos e nas políticas para fortalecer comunidades com alta probabilidade de sofrer desastres naturais (NICHOLAS KAMM/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2015 às 21h25.
A América Latina deverá delinear políticas fiscais mais eficientes e se concentrar na qualidade dos serviços para consolidar os avanços sociais atingidos na última década, informou nesta segunda-feira o Banco Mundial. Para a instituição, a região dificilmente conseguirá manter a acelerada redução da pobreza.
"Os governos dos países latino-americanos devem pensar em como ser mais eficientes com o orçamento porque o espaço fiscal (atualmente) é mais reduzido do que na última crise de 2009, disse Louise Cord, especialista em redução da pobreza do Banco Mundial.
"O bombeamento de transferências não será uma opção real para proteger os pobres", disse Cord, co-autora de um relatório do organismo, apresentado nesta segunda-feira em Washington, sobre os fatores que levaram a América Latina, na última década, a ter o melhor desempenho regional em prosperidade compartilhada e a ser um sucesso em redução da pobreza.
Durante um painel para discutir o relatório, Cord ressaltou que o alto crescimento da região em meio ao boom das matérias-primas foi o "principal condutor" para reduzir a desigualdade entre os 40% mais pobres e os setores mais pujantes, ao lado dos programas sociais redistributivos e os crescentes aumentos salariais.
Entre 2003 e 2012, a América Latina chegou a registrar taxas de crescimento de 5%, muito acima dos demais países emergentes e do G7.
Mas com um crescimento ínfimo de 0,9% estimado para 2015 e 2,0% em 2016, de acordo com as previsões do FMI, os governos latino-americanos dificilmente poderão repetir essas conquistas sociais e o trabalho se concentrará em preservá-los.
Segundo Cord, nos próximos anos "veremos uma pequena redução da pobreza (...), possivelmente uma estagnação".
Para a especialista, os governos devem se concentrar em aumentar a qualidade dos serviços básicos e nas políticas para fortalecer comunidades com alta probabilidade de sofrer desastres naturais.
Enquanto muitos países da região debatem reformas estruturais e investimentos em infraestrutura necessárias para avançar em direção a um crescimento menos dependente dos fatores externos, os governos deverão incluir os setores menos favorecidos.
"Os investimentos em infraestrutura devem beneficiar 40% das pessoas de renda mais baixa, e também pode ser uma fonte de crescimento nesse novo momento e não só alguns recebedores passivos", prosseguiu.
"As novas estradas nas zonas rurais devem ser acessíveis também para as comunidades mais afastadas e mais pobres", apontou como um exemplo.