Máquinas agrícolas realizam a colheita de soja: em alguns municípios pequenos já há registros de falta de óleo diesel para abastecer propriedades rurais (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 11h59.
Os protestos promovidos por transportadores na principal rodovia de Mato Grosso entraram no sexto dia nesta segunda-feira, com bloqueios em pelo menos cinco trechos, preocupando agricultores do norte do Estado, que temem ficar sem diesel para as máquinas que realizam a colheita de soja.
Desde o início da manhã há interrupções para o trânsito de caminhões na BR-163 em Cuiabá, Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Sorriso, com formação de filas de três quilômetros em alguns pontos, informou a concessionária Rota do Oeste.
A rodovia é responsável pelo escoamento de 70 por cento da safra de grãos de Mato Grosso, principal produtor agrícola do país, e também é a única rota de chegada de insumos para muitos municípios no norte e médio-norte do Estado.
Em alguns municípios pequenos, como Vera, já há registros de falta de óleo diesel para abastecer propriedades rurais, relatou o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) para a região norte de Mato Grosso, Silvésio de Oliveira.
"A preocupação existe, por conta do desabastecimento. Ainda não é uma coisa generalizada, mas daqui a pouco começa a faltar óleo diesel. Em alguns municípios mais de fora já há problemas", disse Oliveira à Reuters.
A colheita de soja em Mato Grosso atingiu até a sexta-feira 25 por cento da área plantada, contra 45 por cento na mesma época do ano passado.
"O que preocupa é o diesel", disse o produtor de soja Jucelino Dalmolin, que na noite de domingo, mesmo sem a luz do sol, coordenava o trabalho de colheita de suas lavouras em Sinop, recuperando o atraso causado por chuvas recentes na região.
Na sexta-feira, fontes do mercado já sinalizavam que os bloqueios na BR-163 começavam a afetar os negócios com a soja de Mato Grosso.
Grandes tradings, que realizam o processamento e a exportação da soja, têm oferecido preços menores pela soja no mercado à vista, tentando precaver-se de possíveis despesas com multas por atraso no embarque de navios. Enquanto isso, produtores, em geral capitalizados pelas boas safras dos últimos anos, pedem valores maiores pelo produto, esfriando o fechamento de negócios.
Os bloqueios em rodovias de Mato Grosso estão sendo organizados por caminhoneiros e donos de transportadoras que reclamam dos baixos preços de frete praticados atualmente e dos altos custos de operação. Eles pedem ações do governo do Estado para reduzir impostos sobre o diesel e balizar os preços pagos pelo transporte.