Black Friday: disponibilidade de produtos em oferta também ganha mais força porque as indústrias têm investido ainda em estratégias digitais (ThinkStock/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de novembro de 2017 às 12h22.
São Paulo - Uma das maiores datas para o comércio brasileiro, em especial para o eletrônico, a Black Friday este ano conta com alguns ventos a favor.
O setor de eletrônicos, uma das principais categorias alvo de promoções na data, apresenta recuperação e o câmbio favoreceu a composição dos estoques.
O gerente de Marketing e Comunicação da Sony Brasil, Marcelo Gonçalves, afirma que em 2017 as conversas entre varejistas e fornecedores para a Black Friday começaram já no início do ano.
As compras dos varejistas junto à indústria também foram maiores. "Este ano melhorou muito o nível de estoque no varejo, daqueles produtos que consideramos que são as principais ofertas", comenta.
A expectativa da Sony, com base em dados da GfK, é de que as vendas de Black Friday cresçam 15% para os equipamentos eletrônicos.
A disponibilidade de produtos em oferta também ganha mais força porque as indústrias têm investido ainda em estratégias digitais, como a venda direta ao consumidor por e-commerce.
Essas iniciativas, segundo o diretor geral da Infracommerce, Luiz Pavão, são uma forma de aumentar a margem, mas geram um desafio para evitar conflitos entre canais.
"Nessa Black Friday, a presença de fabricantes vendendo diretamente certamente será muito maior, é uma tendência", diz Pavão. Para evitar conflitos com outros canais de venda, no entanto, os meios digitais tendem a concentrar as vendas de itens que não têm grande penetração no varejo tradicional.
Um dos motivadores desse cenário mais otimista da Black Friday é a maior estabilidade do câmbio, que permitiu um planejamento mais assertivo de longo prazo.
Em 2016, a intensa volatilidade vinha dificultando as negociações de preço entre varejistas e fornecedores, sobretudo no mercado de eletrônicos, onde a presença de componentes importados é relevante.
O cenário macroeconômico também tem possibilitado uma recuperação das vendas de eletrônicos. Indicador que mede exclusivamente a atividade do varejo de eletroeletrônicos no Brasil, o Índice GfK-4E de Atividade no Varejo Eletroeletrônico, constatou uma alta de 3,4% nas vendas de produtos eletroeletrônicos em setembro de 2017 em relação ao mesmo mês de 2016.
A recuperação vem na esteira de elementos mais positivos para o consumo, como liberação de crédito, queda dos juros e da inflação e maior confiança dos consumidores.
Estudo da Deloitte sobre as expectativas para o Natal identificou que os brasileiros percebem uma melhora na sua situação financeira em comparação com o ano passado, ainda que o efeito seja suave.
Neste ano, 37% dos consumidores afirmam estarem melhor financeiramente que no ano passado, ante um porcentual de 34% que diziam o mesmo em 2016.
A animação com as vendas já estava presente mesmo antes de a Black Friday se aproximar. Conforme avaliou em teleconferência com investidores o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, as vendas de final de ano tendem a ser fortes.
Para ele, havia no Brasil uma demanda represada de consumo e agora os consumidores passam a comprar mais, estimulados pelo melhor ambiente.