Ilan Goldfajn, presidente do BID, participou do encerramento da reunião anual em Santiago neste domingo (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Agência de Notícias
Publicado em 30 de março de 2025 às 16h39.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) encerrou sua reunião anual em Santiago neste domingo, determinado a continuar a implementação do processo de reforma e a aproveitar as oportunidades que lhes permitirão enfrentar a complexidade do ambiente geopolítico de forma mais integrada.
"Essa reunião mostrou que somos flexíveis e resilientes e é isso que nos torna fortes, que nos reunimos com interesses comuns e apoiamos o processo de implementação da estratégia. Isso nos deu força para continuar trabalhando", declarou o presidente do BID, o economista brasileiro Ilan Goldfajn, no encerramento do evento.
As Assembleias de Governadores do BID e do BID Invest são os seus órgãos decisórios mais altos e são compostas por ministros de Finanças e Economia e outras autoridades dos 48 países-membros.
Na reunião do ano passado em Punta Cana, na República Dominicana, foi aprovada uma nova estratégia para aumentar seu impacto sob a marca BID Impact+. Os governadores concordaram em aumentar o capital do BID Invest, o braço financeiro da organização, em US$ 3,5 bilhões.
"Estamos em pleno modo de implementação", disse Goldfajn sobre o foco da entidade.
Os países têm até 2026 para concluir esse processo de capitalização, mas essa reunião enfatizou que 19 já se inscreveram para as ações e 14 relataram progresso. Esses 33 países representam mais de 70% dos votos do BID.
A reunião foi realizada às vésperas da implementação da política de tarifas recíprocas or parte do governo dos Estados Unidos, em 2 de abril. Goldfajn disse que ainda é cedo para avaliar seu impacto e insistiu que a mensagem que está sendo transmitida aos membros é que se concentrem no que podem fazer, "trabalhar na integração da região".
"Temos que ser cada vez mais eficientes e eficazes", acrescentou na entrevista coletiva final, onde enfatizou que é importante ver "como aproveitar as oportunidades".
"O banco tem que aproveitar o fato de ter 48 membros, o que nos dá a capacidade de nos unirmos. A integração regional é importante", analisou.
O ministro das Finanças do Chile e novo presidente da Assembleia de Governadores, Mario Marcel, admitiu que 2025 será um ano difícil.
"Este ano será um desafio para a economia global e o desenvolvimento internacional. Será importante estar bem comunicado", disse no encerramento, enfatizando a necessidade de continuar a se concentrar em melhorar a qualidade e o volume de suas operações.
Dadas essas circunstâncias, Marcel acrescentou que "o tom da reunião foi muito construtivo".
O evento deste ano começou na quarta-feira, com uma rodada de seminários sobre questões de interesse comum, como a melhoria das interconexões físicas e digitais e a prevenção de desastres naturais.
Ao todo, 11 acordos foram assinados e novos programas foram apresentados, como o BID Cuida, para melhorar a rede de atendimento a pessoas dependentes e formalizar um setor com alto índice de informalidade no trabalho, e o Conexión Sur, que promove o desenvolvimento de corredores estratégicos que melhoram a conectividade, fortalecem as cadeias de valor e modernizam as estruturas institucionais.
Nessa assembleia, também foi lançado o programa Preparados e Resilientes nas Américas, com US$ 10 milhões em financiamento não reembolsável para fortalecer a preparação e a resposta regional a desastres naturais que, quando ocorrem, podem causar uma queda de dois a quatro pontos percentuais no PIB.
Os anfitriões da reunião em nome do Chile foram Marcel e o presidente do país, Gabriel Boric.
A próxima reunião será realizada em Assunção, em março de 2026, e o ministro da Fazenda do Paraguai, Carlos Fernández Valdovinos, confirmou neste domingo à EFE que os representantes aproveitarão a oportunidade para mostrar o potencial do Paraguai "além dos bons números".
"Preparem-se para serem surpreendidos", enfatizou na cerimônia de encerramento.
O BID, fundado em 1959, tem mais de US$ 25 bilhões em financiamento anual e pretende ultrapassar US$ 38 bilhões até 2030. A instituição é uma das principais fontes de financiamento para o desenvolvimento econômico, social e institucional na América Latina e no Caribe e seus três principais acionistas são EUA, Argentina e Brasil.
O banco multilateral tem sede em Washington. A delegação dos EUA foi liderada pela vice-secretária adjunta de Finanças e Políticas de Desenvolvimento Internacional do Departamento do Tesouro, Margaret Kuhlow.