Economia

Bets: apostadores gastam até R$ 30 bi por mês no Brasil, segundo Banco Central

Estatística foi feita com base em informações mais concretas obtidas desde a regulamentação do setor, que entrou em vigor 1º de janeiro deste ano

Bets: nota técnica da instituição considerava que cerca de 85% do total gasto em apostas retornava como prêmio pago pelas casas de apostas (Hirurg/Getty Images)

Bets: nota técnica da instituição considerava que cerca de 85% do total gasto em apostas retornava como prêmio pago pelas casas de apostas (Hirurg/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 8 de abril de 2025 às 14h55.

Tudo sobreBets
Saiba mais

Apostadores brasileiros gastaram até R$ 30 bilhões por mês em bets entre janeiro e março de 2025, afirmou o secretário-executivo do Banco Central (BC), Rogério Lucca, nesta terça-feira.

Segundo o secretário do BC, a estatística foi feita com base em informações mais concretas obtidas desde a regulamentação do setor, que entrou em vigor 1º de janeiro deste ano.

— Durante esse ano, de janeiro a março, esse valor que a gente acompanha de atividade gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês — explicou em depoimento no Senado.

Dados do BC divulgados no ano passado apontavam que os brasileiros gastavam cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas on-line nos primeiros oito meses de 2024. As estatísticas foram revisadas após a regulamentação.

Retorna em prêmio?

Uma análise preliminar já havia sido feita pelo BC antes da regulamentação. Segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo, no entanto, a autoridade monetária subestimou o montante que é pago em prêmios aos apostadores.

A nota técnica da instituição considerava que cerca de 85% do total gasto em apostas retornava como prêmio pago pelas casas de apostas. Dados do governo, no entanto, mostram que esse percentual está em aproximadamente 93%.

Uma análise preliminar já havia sido feita pelo BC antes da regulamentação. Segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo, no entanto, a autoridade monetária subestimou o montante que é pago em prêmios aos apostadores.

A nota técnica da instituição considerava que cerca de **85%** do total gasto em apostas retornava como prêmio pago pelas casas de apostas. Dados do governo, no entanto, mostram que esse percentual está em aproximadamente **93%**.

— Estamos tentando reunir dados para entender como está migrando esse comportamento e como ele pode evoluir ou não. Os dados de apostas envolvem tudo que foi gasto na empresa, mas tem um valor que volta, que a gente estimou em 85%, e a SPA estima que hoje esse valor esteja entre 93% — disse Galípolo.

Galípolo foi ouvido nesta terça-feira na CPI das Bets do Senado. O convite foi feito pelo presidente da CPI, o senador Dr. Hiran (PP-RR) para discutir se a autoridade monetária pode propor normas específicas para transferências financeiras das casas de aposta, como as chamadas bets esportivas.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) é a relatora da CPI que foi instalada no dia 12 de novembro de 2024, com o intuito de investigar a influência das apostas on-line no orçamento das famílias brasileiras e a possível associação com organizações criminosas.

Em seu discurso inicial, o presidente do BC afirmou que a autoridade monetária não tem competência legal para fiscalizar ou aplicar sanções relativas a transações que envolvam apostas de quota fixa.

Impactos sobre juros

Galípolo ainda afirmou que o Banco Central realiza estudos que analisam o impacto das apostas no Brasil sobre a estabilidade financeira e política de juros do país.

— Algumas instituições financeiras começaram a relatar significância estatística do fato de a pessoa apostar no risco de crédito... É importante para o BC avaliar potenciais impactos na estabilidade financeira e na transmissão da política monetária — disse.

Segundo o presidente do BC, a autoridade monetária e participantes do mercado começaram a identificar um grande volume de dinheiro da população brasileira destinado à apostas esportivas, o que pode levar à instabilidade na atividade econômica e possível aumento do risco de crédito, o que pode elevar os juros cobrados no país.

— Ano passado, em estudos preparatórios para uma reunião do Copom, nos chamou a atenção de que parte da renda das famílias não estava indo nem para consumo nem para poupança, alguns participantes de mercado já haviam nos alertado que fluxos financeiros para sites de apostas estavam se tornando significativos, com potencial impacto na atividade econômica — explicou.

Acompanhe tudo sobre:BetsApostas esportivasBanco CentralGabriel Galípolo

Mais de Economia

O maior IVA do mundo é o que pagamos hoje’, diz secretário da Reforma Tributária

Lira avalia resgatar proposta aprovada pela Câmara em projeto que isenta IR de ganhos de até R$5 mil

Presidente do BC diz que bancos cobram custo mais elevado em empréstimos para apostadores

'Apesar da taxa de juros e apesar do Trump, neste país está acontecendo um milagre', diz Lula