Economia

Ben Bernanke preside pela última vez reunião do Fed

Após quase oito anos à frente do banco central norte-americano, Bernake, de 60 anos, deixa na sexta-feira seu lugar a Janet Yellen, sua atual vice-presidente


	Ben Bernanke: este discreto acadêmico passou ao primeiro plano por causa da crise imobiliária e financeira de 2008, quando sua atuação foi muito criticada
 (AFP)

Ben Bernanke: este discreto acadêmico passou ao primeiro plano por causa da crise imobiliária e financeira de 2008, quando sua atuação foi muito criticada (AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 16h08.

Washignton - Ben Bernanke, que preside nesta quarta-feira pela última vez a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), é um ex-professor de economia especializado na Grande Depressão, com um reconhecido papel na saída dos Estados Unidos da crise.

Após quase oito anos à frente do banco central norte-americano, Bernake, de 60 anos, deixa na sexta-feira seu lugar a Janet Yellen, sua atual vice-presidente.

É a primeira vez na história da instituição que uma mulher assume o cargo máximo.

Este discreto acadêmico passou ao primeiro plano por causa da crise imobiliária e financeira de 2008, quando sua atuação foi muito criticada.

Nomeado em 2006 como sucessor de Alan Greenspan - conhecido como "o oráculo" após 18 anos na direção do Fed -, Bernanke foi acusado de ter que apagar um incêndio que ele mesmo provocou ao favorecer uma bolha imobiliária que não viu chegar.

Nesse sentido, ele mesmo admitiu que foi "lento em reconhecer a crise".

Contudo, fez frente ao colapso financeiro, com uma política de estímulos monetários sem precedentes, mantendo a taxa de juros próxima a zero e injetando liquidez no circuito financeiro.

"Tomamos medidas extraordinárias para enfrentar desafios econômicos extraordinários", comentou recentemente, lembrando que a ajuda aos bancos em problemas durante a crise foi muito impopular.


Bernanke foi apelidado "Ben, o helicóptero" após um discurso em 2002 que, visto em retrospectiva, parecia premonitório. Nessa ocasião, evocou uma teoria do economista Milton Friedman, que descrevia um banqueiro que lançava grande quantidade de dólares de um helicóptero para combater a deflação.

Este especialista da crise dos anos 30 se determinou em não repetir os erros da Grande Depressão, lembrando que a política restritiva do Fed nesse momento não fez mais que acelerar a queda da produção e o emprego.

"É preciso considerar as respostas do Fed à crise de 2008-2009", disse Bernanke no começo do ano na Filadélfia e reconheceu ter passado muitas noites de insônia durante esse período.

Bernanke também se disse orgulhoso de ter conseguido uma maior transparência no banco central, outro de seus grandes objetivos.

Aos poucos, Bernanke foi transformando os costumes da instituição.

Foi ele que introduziu, por exemplo, a tradição de uma coletiva de imprensa quatro vezes ao ano após as reuniões do Comitê de Política Monetária.

A quem afirma que sua política beneficiou mais Wall Street que as famílias, Bernanke responde que, pelo contrário, sua gestão melhorou a situação financeira da população. "O Fed fez uma importante contribuição ao bem da classe média e dos mais pobres", disse em novembro passado.

Bernanke também é considerado exemplo do trabalho duro para ter sucesso. Filho de um farmacêutico e uma professora, foi criado em Dillon, uma pequena cidade da Carolina do Sul (sudeste), e depois fez uma brilhante carreira em Harvard, antes de fazer um doutorado em Economia no prestigiado Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) e ensinar na Universidade de Princeton, onde dirigiu o departamento econômico entre 1996 e 2002.

Foi nomeado diretor do Fed em 2002, mas, em 2005, abandonou o cargo para presidir o grupo de conselheiros econômicos do então presidente George W. Bush.

O próprio Bush o indicou para um mandato de quatro anos à frente do Fed, que depois Barack Obama renovou por seu "trabalho formidável" para sair da crise.

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