Economia

BCE pronto para tomar mais medidas de política monetária

BCE manteve as taxas de juros em uma mínima recorde de 0,05 por cento em sua reunião mensal, aguardando reflexos das medidas de estímulo dos últimos meses


	Mario Draghi: "O Conselho encarregou a equipe do BCE e os comitês relevantes de assegurar a preparação de mais medidas a serem implementadas caso necessário"
 (Boris Roessler/AFP)

Mario Draghi: "O Conselho encarregou a equipe do BCE e os comitês relevantes de assegurar a preparação de mais medidas a serem implementadas caso necessário" (Boris Roessler/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2014 às 12h45.

Frankfurt - Os membros do Banco Central Europeu (BCE) estão todos preparados para adotar mais medidas de política monetária e a equipe do banco central irá preparar o terreno caso necessário, disse o presidente Mario Draghi nesta quinta-feira.

O BCE manteve as taxas de juros em uma mínima recorde de 0,05 por cento em sua reunião mensal, aguardando para ver como as medidas de estímulos adotadas nos últimos meses se desenrolam.

Draghi disse que ainda há riscos à recuperação da zona do euro e disse para repórteres em uma coletiva de imprensa: "O Conselho é unânime em seu compromisso de usar instrumentos não convencionais adicionais dentro de seu mandato".

"O Conselho encarregou a equipe do BCE e os comitês relevantes (de bancos centrais) do Eurossistema de assegurar a preparação em momento adequado de mais medidas a serem implementadas caso necessário", disse ele.

Depois que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, encerrou seu programa de compra de títulos ao mesmo tempo que o banco central do Japão elevou seu programa de estímulo, os mercados estão tentando julgar quão perto o BCE está de lançar medidas mais agressivas, como "quantitative easing", a impressão de dinheiro para comprar grandes quantidades de títulos de governos.

Havia um desconforto crescente acerca do estilo de liderança de Draghi.

A Reuters publicou na terça-feira que presidentes de bancos centrais da zona do euro planejavam desafiar Draghi sobre seu estimulo de comunicação, e em particular sobre a menção de uma meta para o balanço contábil de quanto dinheiro o BCE planeja injetar na economia após o Conselho ter concordado em setembro em não divulgar qualquer número.

Draghi reafirmou a meta, dizendo que o balanço "voltará rumo às dimensões que tinha no começo de 2012".

Ele acrescentou que o Conselho assinou isso de modo unânime mas reconheceu algumas diferenças de política monetária.

"Quando divergimos em nossas visões e políticas ... não há uma polarização. Não há uma coalizão, de modo algum", disse Draghi.

"O jantar (antes da reunião de quinta-feira) correu melhor que o esperado", disse Draghi.

É NECESSÁRIO MAIS? Para evitar que a zona do euro caia em deflação, o BCE começou a injetar mais dinheiro no sistema bancário através da compra de dívidas privadas e ofertas de empréstimos de longo prazo, visando aumentar seu balanço em até 1 trilhão de euros.

Há dúvidas crescentes sobre se as medidas atuais serão o bastante, mas o BCE deve aguardar até que tenha uma visão mais clara sobre a economia e o impacto de suas compras de ativos e empréstimos de quatro anos para bancos, antes de adotar mais estímulos.

Fontes próximas ao BCE disseram à Reuters que o plano do banco central de comprar ativos do setor privado pode ficar aquém do seu objetivo e a pressão deve crescer para a adoção de medidas mais ousadas no início do ano que vem, passando primeiramente para o mercado de bônus corporativos.

Medidas mais drásticas na forma de compras diretas de títulos soberanos ainda enfrentam grandes obstáculos políticos, especialmente na Alemanha.

Alguns economistas já estão olhando para dezembro, quando o BCE vai atualizar suas projeções econômicas.

A equipe do BCE em setembro projetou crescimento de 0,9 por cento para este ano e de 1,6 por cento em 2015, com inflação alcançando 1,4 por cento em 2016 - ainda abaixo a meta do banco central de pouco abaixo de 2 por cento. A inflação ficou em 0,4 por cento em outubro.

"O BCE terá que cortar as projeções de sua equipe para crescimento e inflação de modo substancial em dezembro. Isso será um forte argumento para afrouxar a política monetária ainda mais", disse o economista-chefe do Berenberg, Holger Schmieding.

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447723)) REUTERS RF FB

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