Economia

BCE adia alta de juros de novo com deterioração do cenário econômico

O Banco Central Europeu decidiu manter as principais taxas de juros inalteradas até pelo menos o primeiro semestre de 2020

UE: o BCE prevê que o PIB crescerá 1,2% este ano (Kai Pfaffenbach/Reuters)

UE: o BCE prevê que o PIB crescerá 1,2% este ano (Kai Pfaffenbach/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 6 de junho de 2019 às 10h57.

Última atualização em 6 de junho de 2019 às 11h05.

O Banco Central Europeu adiou o prazo para sua primeira alta de juros pós-crise de novo nesta quinta-feira e disse que continuará pagando aos bancos para emprestarem, em seu mais recente esforço para reanimar a economia da zona do euro.

O presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou que as autoridades abordaram a prontidão do banco em agir em caso de "contingência adversa" e vários levantaram a possibilidade na discussão desta quinta-feira de mais cortes de juros ou de retomar as compras de ativos.

As medidas, mais ousadas do que analistas esperavam até algumas semanas atrás, acontecem no momento em que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China prejudica a economia global e especialmente países da zona do euro orientados por exportação, como a Alemanha.

Draghi disse em entrevista à imprensa após o anúncio que as decisões foram tomadas de forma unânime.

Respondendo à rápida deterioração das expectativas de inflação, o BCE prometeu manter os juros nos níveis atuais, em mínima recorde, ao menos até o primeiro semestre de 2020, em vez do final deste ano como havia dito em março.

Ao explicar essa decisão, Draghi disse que os riscos para a economia são negativos.

"A incerteza sobre as negociações do Brexit e...sobre as vulnerabilidades de certos países emergentes que são importantes, e de forma mais geral a incerteza sobre o crescimento do comércio global, foram além do que acreditávamos em março e é por isso que prorrogamos nossa orientação futura", disse Draghi.

O BCE também disse nesta quinta-feira que permitirá que os bancos tomem emprestado junto ao BCE a uma taxa apenas 10 pontos básicos acima da taxa de depósito de -0,40% desde que superem os referenciais de empréstimo do BCE em uma nova operação de refinanciamento de longo prazo, ou TLTRO.

"Para os bancos cujo empréstimo líquido elegível superar o referencial, a taxa aplicada no TLTRO III será menor e pode ser tão baixa quanto os juros médios do instrumento de depósito prevalecente durante a operação mais 10 pontos básicos", disse o BCE.

Com as incertezas já afetando o comércio, grandes bancos centrais como o BCE e o norte-americano Federal Reserve parecem ter desistido de planos de apertar a política monetária e os mercados estão agora posicionados para um afrouxamento monetário.

Economistas consultados pela Reuters esperam que os juros fiquem inalterados e projetam uma primeira alta apenas em 2021. Eles também veem que a próxima ação do banco central será afrouxamento da política monetária, e não aperto.

Com a decisão desta quarta-feira, a taxa de depósito, considerada sua principal ferramenta de juros, permaneceu em -0,40%. A principal taxa de refinanciamento ficou em 0% e a taxa de empréstimo continuou em 0,25%.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralJurosUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto