Economia

BCE está disposto a atuar para reagir aos efeitos do Brexit

Em sua primeira coletiva de imprensa desde o referendo no Reino Unido, o presidente do banco destacou a disponibilidade do BCE para impulsionar a economia


	BCE: em sua primeira coletiva de imprensa desde o referendo no Reino Unido, o presidente do banco destacou a disponibilidade do BCE para impulsionar a economia
 (Kai Pfaffenbach / Reuters)

BCE: em sua primeira coletiva de imprensa desde o referendo no Reino Unido, o presidente do banco destacou a disponibilidade do BCE para impulsionar a economia (Kai Pfaffenbach / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2016 às 15h28.

O Banco Central Europeu (BCE) garantiu nesta quinta-feira que está disposto a atuar para enfrentar as repercussões do Brexit na economia da zona do euro, mas disse que no momento precisa de tempo para analisar a situação.

Em sua primeira coletiva de imprensa desde o referendo no Reino Unido, o presidente do banco emissor europeu destacou a disponibilidade do BCE para impulsionar a economia.

"Se é necessário para cumprir suas metas, o Conselho de governadores atuará utilizando todos os instrumentos com os quais conta em seu mandato. Quero destacar que estamos prontos, dispostos e temos a capacidade de fazer isso", disse Draghi após o anúncio de que o BCE manterá a taxa básica estável, em seu mínimo histórico de 0%, aplicado desde março de 2016.

A instituição com sede em Frankfurt tampouco modificou sua taxa de juros marginal (0,25% desde março), nem sua taxa de depósito (-0,40%), que está no negativo desde junho de 2014.

Essa decisão foi amplamente antecipada pelos analistas.

Draghi destacou que os mercados financeiros da zona do euro mostraram uma "alentadora resiliência" após os resultados do referendo sobre o Brexit no Reino Unido, mas o presidente do banco emissor europeu disse que era "muito cedo" para "avaliar o impacto final" do Brexit.

"Concluímos que ainda não temos os dados para tomar uma decisão", disse Draghi, que estimou que nos próximos meses, a junta de governadores estará em uma melhor posição "para reavaliar" o rumo da política monetária.

Todas as opções abertas

Alguns analistas esperam uma intervenção a partir de setembro, quando for publicada a atualização das previsões para a inflação e o crescimento realizada pelos especialistas da entidade.

Esses indicadores mostram que a atividade continua abatida. Em junho os preços subiram 0,1% ao ano. A meta era de uma inflação inferior a 2%.

"O principal dado a ser destacado é que Draghi disse que precisa mais dados, e que os dados disponíveis até a próxima reunião (celebrada em setembro) podem não ser suficientes, o que implica um adiamento maior" antes de que se anunciem mais medidas de alívio quantitativo, advertiu Joshua Mahony, analista do IG.

Para Carsten Brzeski, economista do ING-Diba, Draghi "deixou abertas todas as opções para que haja novas ações monetárias, nada mais e nada menos".

No marco de seu programa de flexibilização monetária, o BCE já aplica um arsenal de iniciativas: taxas de juros em um mínimo histórico, empréstimos colossais aos bancos e recompra maciça de dívida nos mercados secundários.

Em junho, começou a comprar dívida corporativa, pela primeira vez em sua história.

Em meio às inquietudes sobre a saúde dos bancos europeus, e especialmente dos italianos, Draghi afirmou que o problema, mais do que o da solvência, é o da rentabilidade.

"Em termos de solvência, os bancos estão melhor, mas não muito melhor do que antes" afirmou. "O problema que vamos ter que enfrentar agora é a fraca rentabilidade, mas isso não é um problema de solvência", precisou.

O sistema bancário italiano, distribuído em 700 entidades, tem problemas de capitalização e calcula-se que conta com aproximadamente 360 bilhões de euros de créditos duvidosos.

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