Draghi insistiu que não era o tempo certo para o BCE considerar retirar algumas das suas políticas de combate à crise, chamando tal ideia de "prematura" (Daniel Roland/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2012 às 14h36.
Barcelona - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, refletindo a crescente ansiedade entre os europeus sobre a situação econômica da região, disse nesta quinta-feira que o crescimento deve estar no centro da política da zona do euro, mas que precisava seguir de mãos dadas com austeridade fiscal.
Em entrevista coletiva na Espanha, um dos países mais atingidos pela crise da dívida do bloco, Draghi pintou um quadro incerto sobre a economia da zona do euro, dizendo que embora houvesse possibilidades de melhora, havia também riscos de declínio.
Essa fraqueza deve segurar a inflação ao longo do tempo, disse ele, embora deva continuar acima de 2 por cento este ano na área das 17 nações que compartilham o euro.
"A perspectiva econômica continua sujeita a riscos de recessão", disse ele em entrevista coletiva em Barcelona, logo depois que o banco manteve as taxas de juros no recorde de baixa de 1,0 por cento.
"Há indícios de que a recuperação global está progredindo ... Nós continuamos esperando que a economia da zona euro se recupere gradualmente durante o ano." A polícia montou uma forte presença do lado de fora do hotel onde formuladores de política econômica começaram a reunião pela manhã, antes de protestos contra os cortes de gastos do governo espanhol, que são apoiados pelo BCE.
Draghi disse que não havia "absolutamente nenhuma contradição" entre a busca de um pacto de crescimento e continuar com pacto já decidido com a Europa sobre disciplina orçamentária.
"Eu certamente concordo com a sua pergunta, quando você diz que temos de colocar o crescimento de volta no centro da agenda, sem qualquer contradição com a necessidade de prosseguir, perseverar no processo de consolidação fiscal", disse Draghi.
Draghi ajudou a mudar o tom do debate de política econômica na zona euro na semana passada, quando ele defendeu um "pacto de crescimento" sem esclarecer exatamente o que ele queria dizer.
Eleitores e investidores estão ficando cada vez mais desiludidos com o pedido liderado pela Alemanha por austeridade -resumida no orçamento restritivo de "compacto fiscal"- na medida em que o bloco cai em recessão.
O BCE injetou mais de 1 trilhão de euros no sistema financeiro nos últimos meses, suavizando a emissão de dívida para os membros da zona do euro. Mas os rendimentos dos títulos espanhóis saltaram em um leilão de dívida realizado durante reunião do Conselho do BCE com 23 membros, embora a demanda tenha sido sólida.
Draghi insistiu que não era o tempo certo para o BCE considerar retirar algumas das suas políticas de combate à crise, chamando tal ideia de "prematura".