Swap cambial: contratos equivalentes à venda de dólares no mercado futuro renderam R$ 42,6 bi ao BC em março, um recorde histórico. (Adam Gault/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2016 às 14h28.
Brasília - O Banco Central obteve em março um lucro recorde com as operações de swap cambial, uma operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro.
Depois do ganho de R$ 11,718 bilhões em fevereiro, a instituição registrou um saldo positivo com esses leilões de R$ 42,697 bilhões no mês passado, pelo critério caixa.
O maior retorno para a autoridade monetária com os swaps até então havia sido verificado em abril do ano passado, de R$ 23,566 bilhões.
Na ocasião, o dólar havia se desvalorizado 5,70% e o BC, acabado de anunciar o fim do programa de hedge para o mercado financeiro, conhecido como "ração diária". Em março, o dólar acumulou queda de 10,1% em relação ao real.
Pelo conceito de competência, o ganho em março passado foi de R$ 45,084 bilhões. O resultado pelo critério de competência inclui ganhos e perdas ocorridos no mês, independentemente da data de liquidação financeira.
A liquidação financeira desse resultado (caixa) ocorre no dia seguinte, em D+1. O estoque de swaps cambiais do BC está em torno de US$ 102 bilhões.
Em contrapartida ao lucro, o BC obteve uma perda de R$ 144,075 bilhões com a rentabilidade da administração das reservas internacionais. Ao que tudo indica, essa marca também é inédita.
Desde o fim do ano passado, a instituição passou a divulgar este indicador de forma aberta, com informações de alguns meses anteriores. O que a tabela do BC mostra é que, desde que há a abertura mensal dos dados, o prejuízo da autarquia com a administração das reservas em março é a maior.
Até agora, por essas informações, o pior resultado mensal para a instituição havia ocorrido em abril do ano passado (perda de R$ 74,133 bilhões).
Há informações disponíveis também a partir de 2008, mas só resultados anuais. Em 2008, o BC teve lucro de R$ 155,681 bilhões com as reservas e prejuízo de R$ 119,637 bilhões em 2009.
Em 2010, as perdas somaram R$ 13,283 bilhões e, a partir de 2011, os fluxos passaram a ser positivos: R$ 93,605 bilhões (2011), R$ 76,539 bilhões (2012), R$ 95,535 bilhões (2013), R$ 108,165 bilhões (2014) e R$ 443,664 bilhões (2015).
Entram nesse cálculo ganhos e prejuízos com a correção cambial, a marcação a mercado e os juros.
O resultado líquido das reservas, que é a rentabilidade menos o custo de captação, ficou negativo em R$ 131,200 bilhões em março. O resultado das operações cambiais no período ficou no vermelho em R$ 86,115 bilhões.
No acumulado do ano, o lucro com swap soma R$ 40,669 bilhões pelo resultado caixa e R$ 50,454 pelo competência.
Já a rentabilidade das reservas internacionais no período está negativa em R$ 99,638 bilhões, com resultado líquido negativo em R$ 112,274 bilhões e operações cambiais também negativas de R$ 61,819 bilhões.
O BC sempre destaca que, tanto em relação às operações de swap cambial quanto à administração das reservas internacionais, a autarquia não visa lucrar, mas fornecer hedge ao mercado em tempos de volatilidade e manter um colchão de liquidez para momentos de crise.
No dia 21 deste mês, o BC voltou a ofertar para o mercado financeiro leilões de swap cambial reverso, em que fica com a posição comprada em dólares.