Economia

BC reduz projeção de crescimento do PIB de 3,5% para 2,5%

O IPCA ficará em 4,7% neste ano pelo cenário de referência

Uma moeda de um real é vista nesta foto-ilustração tirada no Rio de Janeiro (Sergio Moraes/Reuters)

Uma moeda de um real é vista nesta foto-ilustração tirada no Rio de Janeiro (Sergio Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 10h51.

São Paulo - Com cenário externo bastante conturbado, o Banco Central reduziu a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano de 3,5 para 2,5 por cento, devido à recuperação ainda lenta da atividade. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária piorou suas perspectivas para a inflação em 2012.

O desempenho esperado agora para o Produto Interno (PIB), divulgado nesta quinta-feira no Relatório Trimestral de Inflação do BC, é pior do que o já considerado ruim de 2011, quando a expansão da atividade ficou em apenas 2,7 por cento. Se confirmada, a projeção de 2012 será a pior desde 2009, quando a economia encolheu 0,33 por cento também por causa de uma crise internacional.

Pelo documento, o BC informou que "a mudança na projeção de crescimento reflete, em parte, o fato de a recuperação estar se materializando de forma bastante gradual", acrescentando que o cenário econômico mundial continua com perspectivas de baixo crescimento "por um período de tempo prolongado".

A expectativa dos analistas já era de que o BC reduziria suas contas para o crescimento do PIB neste ano, para entre 2,5 e 3 por cento ao ano, diante dos sinais de que a economia brasileira não está reagindo, com destaque para o setor industrial.

Essa dificuldade, vinda sobretudo da crise internacional, continua mesmo diante dos estímulos monetários e fiscais adotados pela área econômica. O mais recente foi dado na véspera, quando o governo anunciou um pacote de estímulos envolvendo mais compras federais e redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6 para 5,5 por cento ao ano.

Para o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima, a redução das contas do BC já foi importante, mas acredita que o crescimento deverá ser menor ainda. "Uma das mensagens mais importantes do documento é a nítida piora no cenário externo", afirmou ele.

Para cortar suas contas sobre a atividade neste ano, o BC considerou o resultado do primeiro trimestre deste ano e passou a calcular que o setor industrial crescerá 1,9 por cento, queda de 1,8 ponto percentual em relação às previsões anteriores. A estimativa de expansão do setor de serviços também foi reduzida, de 3,3 para 2,8 por cento no período, enquanto que a para o setor agropecuário ficou em recuo de 1,5 por cento, queda de 4 pontos percentuais.

O BC também piorou suas projeções sobre o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, de 5 para 1 por cento neste ano.

No primeiro trimestre deste ano, o PIB avançou apenas 0,2 por cento, ritmo bem inferior ao esperado pelo governo, invalidando a possibilidade de expansão de 4,5 por cento como calculava o Ministério da Fazenda, por exemplo. Dentro de outras alas da equipe econômica, já se fala em uma expansão do PIB perto de 3 por cento neste ano, mas o mercado prevê apenas 2,18 por cento.


O BC também tem atuado para impulsionar o crescimento, ao reduzir a Selic desde agosto passado em 4 pontos percentuais, levando-a à atual mínima recorde de 8,50 por cento ao ano, mantendo a porta aberta para mais cortes.

Inflação

Segundo o relatório do BC, o IPCA subirá 4,7 por cento neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 4,4 por cento, e avançará 5,0 por cento em 2013, abaixo das contas anteriores, de 5,2 por cento. Para o segundo semestre de 2014, as contas são de que o indicador subirá 5,1 por cento.

O BC também informou que a chance de a inflação estourar o teto da meta oficial -de 4,5 por cento pelo IPCA- é de 3 por cento em 2012 e em torno de 18 por cento no ano que vem.

Com a perda de fôlego da atividade, os preços têm arrefecido. Na semana passada, foi divulgado que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) -considerado uma prévia da inflação oficial- havia subido 0,18 por cento em junho, ante alta de 0,51 por cento em maio. O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado e reforça a perspectiva de mais reduções na Selic.

O estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, acredita que, ao perceber uma inflação menor em 2013, o BC tem um caminho mais aberto ainda para continuar com o processo de flexibilização monetária. Ajuda também, acrescentou ele, o desempenho bem mais fraco esperado para a economia neste ano.

"Geralmente essas revisões (de PIB) ocorrem de forma gradual e essa redução mostra que o crescimento do primeiro trimestre decepcionou. Isso deve dar espaço para o BC continuar baixando os juros", comentou ele.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralConsumoCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileiraEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoIPCAMercado financeiroPIBPreços

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor