Economia

BC do Japão vai injetar US$1,4 tri em estímulo inédito

Banco central anunciou uma aposta arriscada que fez o iene recuar e os rendimentos de títulos do país registrarem mínimas


	Presidente do Banco Central do Japão (BOJ): Haruhiko Kuroda fez o banco comprometer-se à compra de títulos ilimitada e afirmou que a base monetária vai quase dobrar
 (Toru Hanai/Reuters)

Presidente do Banco Central do Japão (BOJ): Haruhiko Kuroda fez o banco comprometer-se à compra de títulos ilimitada e afirmou que a base monetária vai quase dobrar (Toru Hanai/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2013 às 12h22.

Tóquio - O Banco do Japão, banco central do país, anunciou nesta quinta-feira o impulso mais intenso de estímulo monetário do mundo, prometendo injetar por volta de 1,4 trilhão de dólares na economia em menos de dois anos, uma aposta arriscada que fez o iene recuar e os rendimentos de títulos do país registrarem mínimas.

O novo presidente do BC japonês, Haruhiko Kuroda, fez o banco comprometer-se à compra de títulos ilimitada e afirmou que a base monetária vai quase dobrar, para 270 trilhões de ienes (2,9 trilhões de dólares) até o fim de 2014, em uma medida de choque para acabar com duas décadas de estagnação.

Na primeira reunião de Kuroda, o banco central trocou sua meta de política para a base monetária --o montante de dinheiro em circulação na economia--, deixando de lado a taxa overnight, que está entre zero e 0,1 por cento.

O BC adotou política similar entre 2001 e 2006, mas não nessa escala.

O escopo da mudança que Kuroda promove, e o fato de ele assegurar apoio unânime da diretoria para ela, puxou fortemente o iene para baixo e derrubou o rendimento do título de 10 anos do país para uma mínima recorde.

"Este é um nível sem precedentes de afrouxamento monetário", disse Kuroda em entrevista, após a primeira reunião de política dele como presidente do banco central.


"Nós realizamos todas os passos disponíveis que conseguimos conceber. Estou confiante de que todas as medidas necessárias para atingir 2 por cento de inflação em dois anos foram tomadas hoje", afirmou ele.

O índice Nikkei, do Japão, anulou perdas superiores a 2 por cento para encerrar em alta de 2,2 por cento, um pouco abaixo da máxima de fechamento em quatro anos e meio atingida no mês passado.

"Eu posso dizer que o BC deu uma resposta perfeita às expectativas do mercado", afirmou a economista-chefe do RBS Securities para o Japão, Junko Nishioka. "Kuroda cumpriu sua promessa de impulsionar o afrouxamento monetário em termos de volume e tipo de ativos que o banco central compra." Para atingir a meta de 2 por cento de inflação, o BC irá aumentar as compras de ativos para dobrar sua carteira de títulos do governo e de fundos de investimento em índice (ETF, na sigla em inglês) em dois anos.

Ao fazer isso, o BC irá reverter para compras ilimitadas de ativos e comprar mais de 7,5 trilhões de ienes em títulos do governo de longo prazo por mês, para que o portfólio de suas carteiras de títulos aumentem a um ritmo anual de 50 trilhões de ienes.

"O BC irá conduzir operações no mercado de dinheiro para que a base monetária aumente a um ritmo anual de cerca de 60 trilhões a 70 trilhões de ienes", afirmou o BC em comunicado anunciando a decisão.

Apesar da animação do mercado, alguns analistas mostraram-se céticos sobre se injetar dinheiro em mercados já encharcados com excesso de fundos é uma solução para acabar com a deflação.

A base monetária deve aumentar para 200 trilhões de ienes este ano e para 270 trilhões de ienes até o final de 2014, quase o dobro em relação a 2012, quando era de 138 trilhões de ienes, informou o BC.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaInflaçãoJapãoPaíses ricosPolítica monetáriaPreços

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo