Haruhiko Kuroda: "não acho que exista a possibilidade de a inflação ao consumidor cair abaixo de 1%" (Yuya Shino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 08h48.
Tóquio - O presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, demonstrou confiança nesta terça-feira de que a inflação permanecerá acima de 1 por cento mesmo quando a pressão dos custos da energia diminuir, tentando convencer os céticos de que a economia está se recuperando e não há ameaça de um retorno à deflação.
Kuroda também buscou manter o iene sob controle, alertando que fortes ganhos são injustificados com o BC mantendo seu estímulo enquanto os Estados Unidos começam a pensar em elevar a taxa de juros.
Em entrevista à imprensa após a esperada decisão do BC e manter a política monetária, Kuroda afirmou que a terceira maior economia do mundo vai superar os efeitos de um aumento no imposto sobre vendas em abril e que a inflação avançará na direção dos 2 por cento no próximo ano.
"Estamos claramente vendo uma mudança na tendência onde empresas, em vez de reduzir preços, estão tentando elevar a qualidade de seus bens para vendê-los a preços mais altos", disse ele.
"Não acho que exista a possibilidade de a inflação ao consumidor cair abaixo de 1 por cento." O BC acredita que, após atingir 1,4 por cento no ano até maio, a inflação vai desacelerar nos próximos meses devido principalmente ao fato de sair da conta a alta no ano passado dos custos de energia, antes de acelerar de novo na direção da meta de 2 por cento.
Muitos participantes do mercado duvidam que os preços irão subir tanto e alguns têm especulado que se a inflação for abaixo de 1 por cento nos próximos meses, o BC pode ser forçado a afrouxar a política ainda mais para garantir que a meta seja cumprida.
O banco central japonês manteve sua estrutura de política, segundo a qual prometeu elevar a base monetária a um ritmo anual de 60 trilhões a 70 trilhões de ienes (592-691 bilhões de dólares) através de agressivas compras de ativos, em grande parte títulos do governo japonês.
O BC tem mantido a política monetária desde que lançou um forte estímulo em abril do ano passado, quando prometeu tirar o Japão da deflação crônica e elevar a inflação ao consumidor para 2 por cento em cerca de dois anos.
O banco reduziu sua estimativa de crescimento econômico para o ano fiscal até março de 2015 para 1,0 por cento, contra 1,1 por cento projetado há três meses. O número ainda fica acima da alta de 0,9 por cento vista em pesquisa da Reuters.
Mas deixou inalteradas suas projeções para os anos fiscais de 2015 e 2016, assim como as estimativas de preços que veem a inflação ao consumidor atingindo 1,9 por cento no próximo ano fiscal.