Presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda: ações buscam acabar com duas décadas de deflação (Bogdan Cristel/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 08h33.
Tóquio - O Banco do Japão, banco central do país, chocou os mercados nesta quinta-feira com uma revisão radical de sua política monetária, adotando uma nova meta de portfólio e prometendo dobrar sua carteira de títulos do governo em dois anos, ao passo que busca acabar com duas décadas de deflação.
Na primeira reunião do presidente Haruhiko Kuroda, o banco central trocou sua meta de política para base monetária --o tamanho total de dinheiro e de depósitos bancários--, deixando de lado a taxa overnight, que está entre zero e 0,1 por cento.
A decisão marca uma volta à política de "quantitative easing" de cinco anos do BC que foi encerrada em 2006, quando a autoridade inundou os mercados com dinheiro visando reservas em excesso que instituições financeiras depositam no BC.
O escopo da mudança que Kuroda promove, e o fato de ele assegurar apoio unânime da diretoria para ela, puxou fortemente o iene para baixo e derrubou o yield do título de 10 anos do país para uma mínima recorde.
O índice Nikkei, do Japão, anulou perdas superiores a 2 por cento para encerrar em alta de 2,2 por cento, um pouco abaixo da máxima de fechamento em quatro anos e meio atingida no mês passado.
"Eu posso dizer que o BC deu uma resposta perfeita às expectativas do mercado", afirmou a economista-chefe do RBS Securities para o Japão, Junko Nishioka.
"Kuroda cumpriu sua promessa de impulsionar o afrouxamento monetário em termos de volume e tipo de ativos que o banco central compra." Para atingir a meta de 2 por cento de inflação, o BC irá aumentar as compras de ativos para dobrar sua carteira de títulos do governo e de fundos de investimento em índice (ETF, na sigla em inglês) em dois anos.
Ao fazer isso, o BC irá reverter para compras ilimitadas de ativos e comprar mais de 7 trilhões de ienes (75 bilhões de dólares) em títulos do governo de longo prazo por mês, para que o portfólio de suas carteiras de títulos aumentem a um ritmo anual de 50 trilhões de ienes.
"O BC irá conduzir operações no mercado de dinheiro para que a base monetária aumente a um ritmo anual de aproximadamente 60 trilhões de ienes para 70 trilhões de ienes", afirmou o BC em comunicado anunciando a decisão.
Apesar da animação do mercado, alguns analistas mostraram-se céticos sobre se injetar dinheiro em mercados já encharcados com excesso de fundos é uma solução para acabar com a deflação.
A base monetária deve expandir para 200 trilhões de ienes este ano e para 270 trilhões de ienes até o final de 2014, quase o dobro em relação a 2012, quando era de 138 trilhões de ienes, informou o BC.