Presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda: ele disse não ver necessidade de afrouxar a política monetária ainda mais por enquanto (Bogdan Cristel/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 09h16.
Tóquio - O banco central do Japão adiou nesta quinta-feira a data em que espera atingir sua ambiciosa meta de inflação, mas evitou ampliar seu já forte programa de estímulo monetário, mantendo sua convicção de que uma recuperação econômica estável impulsionará gradualmente os preços.
O presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, disse não ver necessidade de afrouxar a política monetária ainda mais por enquanto já que os salários crescentes estão sustentando uma tendência ampla de alta nos preços.
Ele culpou principalmente os preços baixos do petróleo pelos dados fracos sobre inflação, em vez de uma atividade econômica teimosamente fraca.
No entanto, esse argumento está tornando-se difícil de defender, uma vez que a maciça impressão de dinheiro pelo banco central nos últimos dois anos não conseguiu impulsionar os gastos de consumidores e investimentos por empresas.
Apesar das declarações otimistas de Kuroda sobre a perspectiva de atingir sua meta de inflação, muitos analistas ainda esperam que o banco central amplie seu estímulo novamente neste ano.
"Esperamos que o banco central do Japão afrouxe a política monetária novamente em outubro e provavelmente não mudaremos nossa perspectiva", disse o estrategista sênior de renda fixa do Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities Shuji Tonouchi.
Como esperado, o BC deixou inalterada sua promessa de elevar a base monetária, ou dinheiro e depósitos no banco central, a um ritmo anual de 80 trilhões de ienes (700 bilhões de dólares) através de compras de títulos governamentais e ativos de risco.
O conselho de política monetária do banco central cortou a projeção para o núcleo da inflação ao consumidor para este ano fiscal a 0,8 por cento, ante 1,0 por cento, na revisão das projeções que realiza duas vezes ao ano.
O banco central disse que agora espera que a inflação atinja sua meta de 2 por cento por volta de abril a setembro de 2016, revendo sua projeção anterior de que a meta seria atingida por volta do ano fiscal atual, que começou neste mês.
Mesmo após cortar suas projeções, o banco central do Japão continua mais otimista que o mercado.
Analistas consultados pela Reuters esperam que o núcleo de preços ao consumidor atinja 0,3 por cento neste ano fiscal e 1,3 por cento no próximo ano, quase metade do ritmo previsto pelo banco central.