Economia

BC prevê alta de 8% na gasolina e 27% na energia elétrica

Banco Central também elevou muito sua estimativa da alta dos preços administrados neste ano, para 9,3 por cento ante os 6 por cento calculados antes


	Banco Central elevou muito sua estimativa da alta dos preços administrados neste ano, para 9,3 por cento ante os 6 por cento calculados antes
 (Arquivo)

Banco Central elevou muito sua estimativa da alta dos preços administrados neste ano, para 9,3 por cento ante os 6 por cento calculados antes (Arquivo)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 09h34.

São Paulo - O Banco Central afirmou que o cenário de convergência da inflação para o centro da meta em 2016 tem se fortalecido, mas as ações no combate à alta dos preços não se mostram suficientes, ao mesmo tempo em que piorou sua visão sobre o aumento de preços neste ano.

Por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira, o BC também elevou muito sua estimativa da alta dos preços administrados neste ano, para 9,3 por cento ante os 6 por cento calculados antes, um dos principais fatores de pressão da inflação.

"O Copom avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5 por cento em 2016 tem se fortalecido", trouxe a ata. "Contudo, os avanços alcançados no combate à inflação --a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo-- ainda não se mostram suficientes", completou.

Na semana passada, o Copom manteve o ritmo e elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, a 12,25 por cento ao ano, para tentar domar a inflação.

No fim de outubro, o Copom deu início ao atual ciclo de aperto monetário ao subir a Selic em 0,25 ponto percentual, em decisão surpreendente e que não contou com o apoio de todos os membros do comitê. No encontro de dezembro, acelerou o passo e puxou a taxa em 0,5 ponto percentual.

O BC tem prometido fazer "o que for necessário" para diminuir a alta dos preços, diante de uma inflação que continua elevada e rondando o teto da meta oficial --de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

Pela última pesquisa Focus do BC com economistas, a mediana das expectativas era de que a Selic iria a 12,50 por cento neste ano, mas o Top 5 --com instituições financeiras que mais acertam as projeções-- via a taxa de juros indo a 13 por cento.

Na ata, a autoridade monetária voltou a repetir que a inflação encontra-se em patamares elevados, em parte, por conta dos preços administrados e do câmbio.

E, desde a última reunião do Copom, em dezembro, "a intensificação desses ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável".

Por isso, o BC reafirmou que não descarta aumento da inflação no curto prazo, com tendência de ela permanecer elevada em 2015. "Porém, ainda este ano entra em longo período de declínio", disse o BC, repetindo que a política monetária deve continuar "especialmente vigilante".

O BC piorou, sem mostrar projeções numéricas, sua expectativa de inflação neste ano pelo cenário de referência (Selic a 11,75 por cento e dólar a 2,65 reais), permancendo acima do centro da meta. Para 2016, ela permaneceu "relativamente estável", também acima da meta.

Neste contexto, o BC elevou em muito suas contas sobre a alta dos preços administrados neste ano, levando em consideração a hipótese de elevação de 8 por cento no preço da gasolina --sobretudo pela incidência da Cide e do PIS/COFINS-- e de 27,6 por cento nos preços da energia elétrica, "devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)".

Fiscal

As medidas tributárias recentemente anunciadas pela nova equipe econômica devem pressionar ainda mais os preços no curto prazo, com analistas prevendo agora que, em 2015, a inflação vai estourar o teto da meta.

Mas, mesmo assim, essas ações estão sendo bem recebidas porque buscam arrumar as contas públicas do país e resgatar a confiança dos agentes econômicos.

A expectativa do mercado é que se o governo cumprir a meta de superávit fiscal de 1,2 por cento do PIB neste ano, como planeja o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a necessidade de alta de juros para controlar a inflação será menor.

Pela ata do Copom, o BC voltou a informar que, "no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade, e não descarta a hipótese de migração para a zona de contenção".

Texto Atualizado às 09h51

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomeconomia-brasileiraInflaçãoJurosMercado financeiro

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto