Banco Central: meta é posicionar a inflação em 12 meses na casa dos 6% em 2014, diz pesquisadora da FGV. (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 19h17.
Rio de Janeiro - O Banco Central (BC) deverá fixar a taxa básica de juros em 8,75% para posicionar a inflação em 12 meses na casa dos 6% em 2014. A projeção é da pesquisadora da área de Economia Aplicada e economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Sílvia Matos. Sílvia deu palestra no Seminário Análise Conjuntural, no Rio. A inflação poderá ainda ficar um pouco abaixo de 6%, se houver uma ajuda dos alimentos, disse.
"O que temos visto, ultimamente, são os governantes agitarem as bandeiras das reformas", disse o ex-diretor do BC e economista José Júlio Senna, sócio da MCM Consultores Associados, também presente no evento. De acordo com Senna, segundo os governantes houve duas principais reformas: a redução agressiva da taxa de juros e a desvalorização cambial. "Em Brasília, o que acreditam é que a crise responde a um momento de adaptação. Voltar atrás, tanto em relação aos juros quanto em relação ao câmbio, seria muito desgastante e eles vão tentar evitar o tanto quanto possível essas mudanças", aposta.
Conforme ele, o governo poderá promover alguma alteração na taxa Selic porque a redução dos juros ocorreu de forma muito agressiva. "Agora, estão percebendo que terão de fazer algo. Vão voltar atrás de alguma maneira, mas não vão voltar muito porque esse é um movimento entendido como reforma", destacou.
Na avaliação do economista Armando Castelar, coordenador do Departamento de Economia Aplicada do Ibre, a dificuldade é a politização da redução da taxa de juros num momento em que a inflação está num patamar muito alto. "A taxa de juros virou tema de política eleitoral, não só de avaliação do Banco Central", afirmou.
Questionado sobre se o fato de a inflação não alcançar o centro da meta, de 4,5%, é um problema para a credibilidade do Banco Central, Castelar avalia que sim. "Há expectativas de que vai descolar. Se você entender que é responsabilidade do Banco Central ancorar as expectativas na meta, sim. Todo mundo teria certeza que a meta é a meta", declarou.