Economia

BC da China eleva juros de curto prazo para estabilizar iuane

Alta dos juros foi a terceira da China em três meses, após o Parlamento alertar que combater riscos de aumento da dívida será a prioridade este ano

Notas de iuane: banco central também fortaleceu a taxa referencial diária no ritmo mais forte em cerca de dois meses (AFP/AFP)

Notas de iuane: banco central também fortaleceu a taxa referencial diária no ritmo mais forte em cerca de dois meses (AFP/AFP)

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Reuters

Publicado em 16 de março de 2017 às 08h52.

Xangai - O banco central da China elevou a taxa de juros de curto prazo nesta quinta-feira no que economistas disseram ser uma tentativa de conter a saída de capital e manter o iuane estável depois que o Federal Reserve elevou os juros nos Estados Unidos.

A alta dos juros foi a terceira da China em três meses, e aconteceu um dia depois do encerramento da sessão anual do Parlamento, em que líderes alertaram que lidar com os riscos do rápido aumento da dívida será a prioridade este ano.

Na quarta-feira, o banco central dos Estados Unidos elevou a taxa de juros como era esperado, e sinalizou que mais altas estão a caminho uma vez que a economia dos EUA ganha força.

"O momento diz tudo. A China não é mais isolada em relação ao Fed e, de forma mais geral, das condições financeiras internacionais", disse a economista-chefe do Natixis Alicia Garcia Herrero.

O Banco do Povo da China mantém sua taxa de empréstimo referencial desde o corte de outubro de 2015, e afirmou que a medida desta quinta-feira especificamente não deve ser vista como um aperto de política monetária integral, como o do Fed.

Mas analistas e investidores acreditam que o banco central está cada vez mais usando as taxas do mercado monetário e outras ferramentas de política monetária conforme encontra dificuldades para conter os riscos financeiros de anos de estímulo alimentado pela dívida e para elevar os custos para especuladores que apostam contra o iuane.

Os bancos da China tendem a contar fortemente com empréstimos interbancários de curto prazo, que conectam bancos mais fortes com outros mais fracos. O BC da China tem permitido que as taxas de recompra subam desde o final de 2016 ao ajustar o volume de fundos que injeta.

"Os juros mais altos nos EUA e o aperto da política monetária norte-americana podem provocar mais saída de capital e ter algum impacto negativo sobre o sistema financeiro da China", disse o economista do Nomura Yang Zhao.

"Acho que eles querem estabilizar o câmbio desta vez."

O banco central também fortaleceu a taxa referencial diária no ritmo mais forte em cerca de dois meses nesta quinta-feira. O iuane terminou o dia com alta de 0,2 por cento.

No ano passado, o iuane caiu 6,5 por cento contra o dólar e diante da incerteza com a economia da China, levando o governo a conter a saída de capital pra aliviar a redução de suas reservas cambiais.

Após anos de política ultrafrouxa, o banco central chinês tem cautelosamente adotado um viés de aperto modesto nos últimos meses, embora esteja caminhando com cautela para evitar afetar o crescimento. A economia está em uma trajetória mais estável agora, dando mais espaço às autoridades.

Mantendo essa postura, a maioria das altas anunciadas nesta quinta-feira foi de apenas 0,10 ponto percentual, o mesmo que foi adotado para vários instrumentos de política monetária de curto e médio prazo em janeiro e fevereiro.

A taxa sobre operações de recompra reversa para 7, 14 e 28 dias foram elevadas pela segunda vez em seis semanas, com a de 7 dias atingindo 2,45 por cento.

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