Argentina: apesar das medidas emergenciais, o dólar continuou a subir e chegou a operar a 25 pesos hoje (foto/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 15 de maio de 2018 às 21h07.
Última atualização em 15 de maio de 2018 às 21h16.
O Banco Central da Argentina conseguiu rolar a dívida equivalente a 600 bilhões de pesos, que vencia nesta terça-feira (15), e com isso evitar uma saída de investimentos do país que enfrenta uma crise cambial. O dia foi considerado um teste para o governo de Mauricio Macri.
A dívida foi emitida em Letras do Banco Central Argentino, as Lebacs, os principais título usados para o financiamento da economia. Desde que o Tesouro dos Estados Unidos aumentou as taxas de juros, muitos dos que investiram nas Lebacs optaram por vender os títulos em pesos, comprar dólares e aplicá-los nos Estados Unidos ou em países mais estáveis. Se o Banco Central não tivesse refinanciado a dívida, milhares de dólares poderiam deixar o país - e a moeda norte-americana é usada como poupança na Argentina.
"A estratégia de bombeiro funcionou: o governo arrebentou a porta e conseguiu apagar o incêndio", disse em entrevista à Agência Brasil, o economista Fausto Spotorno, da consultora Orlando Ferreres.
Para recuperar a confiança dos investidores, a Argentina começou a negociar, com o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma linha de crédito.
Apesar das medidas emergenciais, o dólar continuou a subir e chegou a operar a 25 pesos hoje, mas fechou o dia abaixo do valor. "Agora, o problema vai ser cortar os gastos, reduzir o déficit público e combater a inflação, que já é alta, e agora será mais ainda", disse Spotorno.
Nesta terça-feira, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) informou que a inflação do país medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu para 2,7% em abril e acumula alta de 9,6% desde o início deste ano. Na comparação com abril de 2017, os preços subiram 25,5% no mês passado. O aumento dos preços em abril se deve aos fortes aumentos dos preços regulados dos serviços públicos, conhecidos como "tarifaços" de água, eletricidade, gás e outros combustíveis. O ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, avisou que a inflação será maior, e o crescimento menor.
O próprio presidente Mauricio Macri disse hoje sobre a "angústia e preocupação" dos argentinos, que temem repetir a crise de 2001 - a mais séria enfrentada recentemente. Mas garantiu que o país está longe disso.