Economia

BC amplia horizonte para buscar a convergência da inflação

Retirou, porém, a avaliação de que o setor imobiliário será importante para favorecer os investimentos, como vinha citando até a edição passada do documento


	Sede do Banco Central em Brasília: o Banco Central também abandonou a avaliação de que seria possível conter em 2015 os efeitos de segunda ordem na inflação decorrentes do processo de realinhamento de preços
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Sede do Banco Central em Brasília: o Banco Central também abandonou a avaliação de que seria possível conter em 2015 os efeitos de segunda ordem na inflação decorrentes do processo de realinhamento de preços (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2015 às 09h43.

Brasília - Assim como fez logo no comunicado que se seguiu à decisão de manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, a diretoria do Banco Central mudou o parágrafo 30 da ata divulgada nesta quinta-feira, 29, da reunião do Copom.

No lugar de escrever que as decisões futuras de política monetária serão tomadas para assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% ao final de 2016, os diretores esticaram o prazo para o "horizonte relevante para a política monetária", ou seja, dois anos.

O Copom reiterou que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária. Disse que o consumo das famílias tende a ser influenciado por fatores como emprego, renda e crédito.

Retirou, porém, a avaliação de que o setor imobiliário será importante para favorecer os investimentos, como vinha citando até a edição passada do documento.

Agora, de acordo com o colegiado, auxiliarão os investimentos a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros.

No caso das vendas externas, o BC também mudou um pouco o texto. Segundo a ata, as exportações líquidas apresentam melhor resultado, seja pelo aumento das exportações, beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real, seja pelo processo de substituição de importações em curso.

Até então, a autoridade monetária dizia que as exportações ainda deviam ser beneficiadas pelo cenário externo e pela baixa do real.

Isso, até então, começava a se traduzir em melhores resultados para o setor externo, o que agora foi constatado pelo BC.

O Banco Central também abandonou a avaliação de que seria possível conter em 2015 os efeitos de segunda ordem na inflação decorrentes do processo de realinhamento de preços.

Na ata do Copom, o BC retirou o trecho do documento que afirmava que a política monetária estava "circunscrevendo" a contenção desses efeitos neste ano.

Para o Copom, a inflação em patamares elevados reflete, em grande parte, os efeitos de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia - realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres.

O Comitê considera agora que "ao longo de 2015" esses ajustes de preços relativos na economia tornaram o balanço de riscos para a inflação desfavorável. Na ata anterior, o Copom citava o período da "primeira metade" do ano.

Nesse cenário, os ajustes de preços fazem com que a inflação se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015, de acordo com o BC.

Na ata, o Copom reitera a necessidade determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos.

Ao mesmo tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes. Mas, sem agora, falar em circunscrevê-lo a 2015.

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