Economia

BC ainda pode reavaliar mensagem para Copom de fevereiro

O IPCA fechou 2017 em 2,95%, abaixo do piso da meta

Ilan Goldfajn: "Não estamos no momento de reavaliar. Nós vamos fazer isso no momento apropriado." (Adriano Machado/Reuters)

Ilan Goldfajn: "Não estamos no momento de reavaliar. Nós vamos fazer isso no momento apropriado." (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 20h44.

Última atualização em 10 de janeiro de 2018 às 20h46.

Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira que ainda vai avaliar se continua válida a mensagem sobre política monetária, que preparava o terreno para novo corte da Selic em fevereiro.

"Não estamos no momento de reavaliar. Nós vamos fazer isso no momento apropriado. Vamos ver as inflações que estão surgindo, atividade, balanço de risco, tudo isso vai ser ainda avaliado", afirmou em coletiva de imprensa.

Perguntado se a posição indicava que a mensagem anterior continuava de pé, ele afirmou que isso ainda seria analisado.

"Ou seja, não estou dizendo nem que sim nem que não, vamos avaliar."

Disse ainda que o IPCA subirá em direção à meta ao longo de 2018 e que esse movimento é boa notícia uma vez que ocorrerá à medida que a economia se recupera, com retomada do emprego, avaliou o presidente do BC.

Sobre o fato de a inflação ter surpreendido para cima em dezembro, ele reconheceu que o índice veio mais alto que o esperado, mas pontuou que a inflação mês a mês será mais volátil, citando, por exemplo, o impacto da inflação de alimentos e reajustes da gasolina.

"Nós vamos ter que olhar a inflação em seus núcleos. Nós vamos ter que olhar a inflação pela sua tendência. E os erros de mês após mês nós vamos ter que contornar e olhar tendência", afirmou.

A inflação oficial subiu 0,44 por cento em dezembro, acima dos 0,29 por cento esperado pelo BC e da expectativa de 0,3 por cento em pesquisa da Reuters.

Em seu relatório trimestral de inflação, divulgado no fim do ano, o BC manteve as ressalvas sobre a condução da política monetária ao pontuar que uma nova redução moderada nos juros para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro, era adequada naquele momento, mas "mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas reuniões anteriores".

No mercado, as apostas majoritárias são de corte de 0,25 ponto na taxa básica de juros no próximo mês, após redução de 0,5 ponto percentual feita em dezembro, que levou a Selic ao seu menor nível histórico, de 7 por cento.

Ao falar sobre a inflação em 2017, Ilan voltou a destacar que o índice abaixo do piso da meta foi guiado pelo choque deflacionário em preços de alimentos, ecoando argumento utilizado mais cedo em carta que escreveu ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificando o porquê do descumprimento do alvo.

O IPCA fechou 2017 em 2,95 por cento, abaixo do piso da meta de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, algo inédito desde que o regime de metas de inflação foi definido, em 1999.

Questionado se isso não significava que o BC poderia ter iniciado antes o ciclo de afrouxamento dos juros, Ilan defendeu o caminho escolhido pela autoridade monetária.

"Nossa atuação no começo é que propiciou inflação mais baixa", disse. "Mudança das expectativas foi muito importante. Devido à firmeza da política monetária é que a inflação caiu", acrescentou.

(Por Marcela Ayres, com reportagem adicional de Mateus Maia; Edição de Iuri Dantas)

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