Economia

Bastidores: sinalização favorável de Lula sobre ajuste fiscal acalmaria mercados, avaliam banqueiros

A avaliação majoritária é de que somente uma declaração de Lula tem potencial para reduzir o preço do dólar, que é negociado acima de R$ 6

Lula e Haddad:

Lula e Haddad:

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 29 de novembro de 2024 às 17h21.

Os discursos sintonizados do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, agradaram os executivos que participaram nesta sexta-feira, 29, do almoço anual de dirigentes de bancos, organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Dezenas de executivos ouvidos pela EXAME afirmaram que a boa relação dos dois pode favorecer o país, com queda de juros e da inflação. Entretanto, os mesmos banqueiros disseram que é necessária uma sinalização pública e clara do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de compromisso com o equilíbrio das contas públicas e com o corte de gastos.

A avaliação majoritária é de que somente uma declaração de Lula tem potencial para reduzir o preço do dólar, que é negociado acima de R$ 6, frear a retração do Ibovespa e colocar em queda a curva de juros futuros.

Como mostrou a EXAME, o anúncio do governo de um pacote que promete reduzir os gastos públicos em R$ 70 bilhões nos próximos dois anos foi contaminado pela promessa de Lula de isentar do pagamento de Imposto de Renda (IR) pessoas com renda mensal de até R$ 5.000.

Com a repercussão negativa do pacote, avaliam os banqueiros, caberia ao presidente sinalizar esse compromisso para dissipar as incertezas e as expectativas negativas.

Apoio dos bancos ao ajuste fiscal

Haddad se comprometeu com o ajuste fiscal e em enviar, se necessário, novas medidas de cortes de gastos ao Legislativo. Segundo ele, a equipe econômica tem compromisso com o equilíbrio fiscal.

A necessidade de ajuste fiscal foi endossada pelo presidente do conselho diretor da Febraban, Luiz Carlos Trabuco Cappi, durante o discurso no evento. Trabuco também preside o conselho de administração do Bradesco.

Segundo ele, a equipe econômica, a classe política e o Judiciário têm se esforçado para estabilizar a economia.

“Aproveito para destacar os esforços da equipe econômica, do Banco Central, da classe política e da Justiça no processo de avanço da pauta de estabilização fiscal da economia. Tem nosso apoio e compreensão ao timing necessário para a evolução da agenda. O caminho do ajuste fiscal não tem volta. O setor financeiro é hoje um exemplo de solidez. Somos engajados e comprometidos com os desafios da sociedade e o mundo”, disse.

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