Economia

Bastidores: Costa e Mercadante foram cotados para Petrobras, mas perfil técnico de Magda prevaleceu

Demissão de Jean Paul Prates estava definida desde março, quando ele se absteve de votar na polêmica decisão do conselho de administração sobre dividendos

Magda Chambriard, é ouvida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Magda Chambriard, é ouvida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 15 de maio de 2024 às 00h19.

Última atualização em 15 de maio de 2024 às 15h26.

A demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras foi sacramentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março, quando o então comandante da estatal se absteve de votar na polêmica reunião do conselho de administração da estatal que decidiu não distribuir os dividendos da estatal. A informação foi confirmada à EXAME por três técnicos do governo.

A principal dúvida de Lula, entretanto, era quem substituiria Prates, alçado ao posto com apoio do PT. Em março, a EXAME apontou com exclusividade que Magda Chambriard era uma das cotadas para a função.

Lula cogitou para o posto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmaram à EXAME técnicos do governo. O político baiano caiu nas graças do presidente ao adotar um estilo de trabalho alinhado aos interesses governistas. O ministro, além de coordenar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ganhou espaço na articulação política e tem um estilo de trabalho de executar, sem questionamentos, as ordens do chefe do Executivo.

Com a crise no Rio Grande do Sul, Costa passou a ter ainda mais demandas e Lula entendeu que não podia abrir mão no ministro da Casa Civil neste momento.

Mercadante não agradou o mercado

Outro nome cotado para presidir a Petrobras foi o do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Pesou contra ele a rejeição do mercado ao seu nome quando os rumores de que presidiaria a Petrobras circularam entre março e abril.

Além disso, a gestão de Mercadante no BNDES tem sido bem avaliada dentro do governo, com aumento da oferta de crédito e desenvolvimento de projetos de interesse público.

Solução técnica com Chambriard

Por outro lado, o nome de Magda Chambriard não recebeu as mesmas resistências de Mercadante, disseram à EXAME auxiliares de Lula. Com perfil técnico, ela integrou a transição do governo Lula, mas não assumiu nenhum cargo na terceira gestão do petista.

Ela foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016. Antes de ingressar na ANP, foi funcionária de carreira da Petrobras, onde trabalhou por 22 anos. Engenheira, atua como consultora na área de energia e petróleo. Magda começou a carreira na Petrobras, em 1980, na área de produção. Ela também é mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ.

Sem outros nomes da própria confiança, Lula optou por uma técnica, que passou pelo seu governo quando foi diretora da ANP e que ganhou mais espaço durante a gestão Dilma. Agora ficam as dúvidas de quais serão as prioridades de Magda e se ela terá alinhamento com as alas política e econômica do governo.

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