Dilma Rousseff e Guido Mantega: a oferta de crédito deve crescer 14% neste ano, menos da metade do crescimento de cinco anos atrás e o menor avanço desde 2003, segundo o BC (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
São Paulo - A tentativa do governo de impulsionar a economia está sendo ameaçada pelas regulações bancárias globais, que podem refrear ainda mais o crédito, já previsto para crescer no menor ritmo em uma década.
A oferta de crédito deve crescer 14 por cento neste ano, menos da metade do crescimento de cinco anos atrás e o menor avanço desde 2003, segundo estimativas do Banco Central.
O Banco Bilbao Viscaya Banco Bilbao Viscaya Argentaria SA diz que as regras de capital para bancos chamadas de Basileia III, que deveriam ser implementadas neste mês pelos países participantes, poderão ter um impacto “negativo e significativo” no crescimento do crédito, depois que o Brasil teve, nos últimos dois anos, o menor ritmo de expansão econômica em 10 anos.
As novas regras globais, que mais do que triplicam o capital que os bancos devem manter como proteção para perdas, podem minar os esforços do governo para impulsionar o crédito.
Em agosto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se encontrou com os bancos para pedir a redução das taxas de juros. Um mês depois, o governo cortou os compulsórios dos bancos para liberar até R$ 30 bilhões.
Os empréstimos no Brasil, que historicamente tem dependido do crédito ao consumidor para alimentar sua expansão, aumentaram 92 por cento nos últimos quatro anos, seis vezes a taxa verificada nos Estados Unidos.
“As medidas que o governo tem adotado em termos de levar os bancos a emprestarem mais seriam afetadas por Basileia III”, disse em entrevista por telefone Maria Celina Vansetti-Hutchins, analista sênior da Moody’s Investors Service em Nova York, em entrevista por telefone.
Representantes do Banco Central e do Ministério da Fazenda, que pediram para não serem identificados em obediência à política do governo, se recusaram a comentar sobre os efeitos de Basileia III no crédito.