Economia

Barroso considera absurdo UE não ter acordos com Brasil

O presidente da Comissão Europeia ressaltou, contudo, que o país é visto como um parceiro do ponto de vista "essencial"


	Barroso: "há resistências do lado de cá, há do lado de lá também"
 (Paul ODriscoll/Bloomberg News)

Barroso: "há resistências do lado de cá, há do lado de lá também" (Paul ODriscoll/Bloomberg News)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 13h32.

Rio - O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou nesta segunda-feira, 21, em palestra na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio, que considera um "absurdo" o fato de ainda não haver um acordo bilateral de comércio entre União Europeia e Brasil.

Segundo ele, o bloco europeu tem firmado acordos com diversos países da África, da América Central, com Coreia do Sul, Cingapura e com países andinos como Colômbia, Peru e Equador. No entanto, o acordo com Mercosul está parado.

"Me parece um absurdo que a União Europeia tenha acordos com praticamente todo o mundo, menos o Brasil", disse Barroso. Ele ressaltou, contudo, que o País é visto como um parceiro do ponto de vista "essencial", e as conversas não foram deixadas de lado.

Segundo Barroso, o assunto foi tratado em reunião com a presidente Dilma Rousseff recentemente. "Há resistências do lado de cá, há do lado de lá também", afirmou.

Ele ressaltou que se passaram sete cúpulas entre Brasil e UE, sem falar no "trabalho do dia a dia", mas, ao contrário de outros países, nenhum acordo foi firmado. "Era essencial que Europa e Brasil estivessem juntos nisso", afirmou o presidente da Comissão Europeia.

Barroso esclareceu a jornalistas que, a despeito de ter destacado o Brasil como essencial no papel de parceiro do bloco europeu, a proposta de acordo bilateral foi feita ao Mercosul. "(Falo) Do Brasil principalmente, mas nós temos proposta para o Mercosul", afirmou.

Ele ainda se mostrou bastante otimista com as tratativas entre União Europeia e Estados Unidos para a assinatura de um acordo bilateral. Caso seja firmado, o presidente da Comissão Europeia aposta que será "o acordo comercial mais importante do mundo".

"Eu acho que vai sair acordo. O presidente (Barack) Obama já declarou que será uma das coisas mais importantes de seu segundo mandato", observou. Diante da afirmativa, um dos integrantes da plateia questionou se este acordo poderia prejudicar a relação com o Brasil.

"Não vejo como um acordo entre Estados Unidos e União Europeia pode prejudicar o Brasil. A única coisa que pode prejudicar o Brasil é o fato de não haver um acordo entre Brasil e União Europeia", ressaltou.

Diplomacia

O presidente da Comissão Europeia alfinetou a atuação diplomática do Brasil. Para o executivo, o País precisa enxergar a Europa não como uma "coleção de países", mas como uma unidade.

Barroso também destacou que a os acordos entre o bloco e o Brasil não devem ser apenas econômicos, mas também políticos.

"Parece que aqui no Brasil se vê a União Europeia como uma coleção de países. Hoje, ela é a primeira economia do mundo, muito à frente dos Estados Unidos, da China. Pelos números do Banco Mundial, somos 7% da população mundial e 23% do PIB", destacou.

"Me parece que é realista trabalharmos no sentido de termos uma união mais forte entre Brasil e União Europeia, não apenas do ponto de vista econômico, mas político. E isso depende também do Brasil", completou.

Acompanhe tudo sobre:acordos-empresariaisEmpresasEuropaFGV - Fundação Getúlio VargasUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto