Bovespa: “China, Rússia, Oriente Médio e Turquia irão provavelmente surpreender o complexo de commodities em 2017.” (Nevit Dilmen/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 19h58.
Cingapura - Estejam alerta para o inesperado no desempenho das commodities em 2017. Esse é o aviso do Barclays Plc para os mercados de matérias-primas, de energia a metais, que, segundo o banco, enfrentam uma grande probabilidade de rupturas.
O Barclays lista uma série de possíveis ameaças, como um default da Venezuela, protestos no Chile e uma guerra comercial com a China.
“A nova política de populismo e protecionismo tem potencial de interferir na oferta global e premissas de demanda para várias commodities”, disseram os analistas Michael Cohen e Dane Davis em um relatório de 5 de janeiro.
“Vemos riscos inclinados para cima em 2017, com base na alta probabilidade de risco de ruptura.”
As commodities avançaram em 2016 e registraram o primeiro ganho anual desde 2010, impulsionadas pela retomada dos mercados de energia e pela reação dos investidores a eventos políticos inesperados, como a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos e o referendo do Brexit, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia.
O Barclays destacou que os mercados vão surpreender de alguma forma neste ano, e a análise do banco ilustrou os principais fatores políticos que devem ser levados em conta tanto quanto os econômicos.
“Os eventos do tipo ‘cisne negro’ no mercado de commodities vêm em várias formas e o mercado pode levar anos ou um instante para precificá-los”, segundo os analistas, que definem a teoria como eventos extremos ou dinâmicas que os participantes de mercado não estão precificando atualmente.
“China, Rússia, Oriente Médio e Turquia irão provavelmente surpreender o complexo de commodities em 2017.”
O banco listou mais de uma dúzia de potenciais eventos do tipo cisne negro, dividindo-os em ameaças à oferta, tais como redução da produção de petróleo na Venezuela após um default, e ameaças à demanda, como uma inesperada desaceleração econômica na China.
O Barclays também cita o que chamou de ameaças ao trânsito, com riscos às rotas de abastecimento que são vitais para o escoamento de matérias-primas, como o Mar da China Meridional.
As relações entre os EUA e o Irã estão no topo da lista do Barclays, que vê uma potencial escalada da retórica entre os dois países em meio ao declarado desejo de Trump de anular o recente acordo nuclear.
O pacto de 2015, assinado entre o Irã e seis potências, incluindo os EUA, levou à suspensão das principais sanções econômicas contra a economia iraniana.
Um possível não pagamento da dívida pela Venezuela levaria credores e parceiros de negócios a recuar, enquanto bancos congelariam as contas da Petróleos de Venezuela SA, segundo o relatório.
O resultado da crise de liquidez poderia impedir que a estatal petrolífera fizesse pagamentos aos parceiros que são necessários para facilitar operações diárias, afetando a produção.
A China também oferece motivo de preocupação, com potencial tanto para uma queda no ritmo de expansão da maior economia da Ásia, interferindo na demanda por matérias-primas, quanto para uma guerra comercial, segundo a análise.
Os EUA podem implementar um plano tarifário destinado a frear o fluxo de importações chinesas, disse o Barclays.
Entre outras potenciais ameaças listadas estão protestos no Chile depois dos resultados das eleições presidenciais de 2017, com riscos altos e reais de interrupções na produção de cobre, avalia o banco.
Na Europa, uma Rússia “agressiva” poderia pressionar ainda mais a Ucrânia, afetando a oferta de minério de ferro do país.