Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa: reunião fez parte de uma série de encontros e entrevistas realizados por Barbosa e Levy (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2015 às 21h19.
Brasília - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, se reuniu com economistas nesta sexta-feira para explicar as mudanças nas metas fiscais e, segundo um participante da reunião realizada em São Paulo, aproveitou para reafirmar que não há conflito dentro da equipe econômica.
Segundo o economista de um banco que participou da reunião e que preferiu não ser identificado, Barbosa tentou colocar um ponto final na interpretação de analistas de que a revisão da meta fiscal foi feita a contragosto do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
A reunião com cerca de 30 representantes das principais instituições financeiras do país fez parte de uma série de encontros e entrevistas realizados por Barbosa e Levy para acalmar o mercado desde a redução da meta fiscal, anunciada na quarta-feira e que levou a uma disparada do dólar e alta do risco-país.
Barbosa disse aos economistas que a equipe econômica e a Presidência já esperavam uma reação ruim do mercado, embora não tão intensa, e que conversou com as agências de classificação de risco por telefone para explicar as mudanças, ainda segundo o relato.
Economistas questionaram Barbosa sobre a projeção de dívida bruta do governo, considerada otimista pelo mercado.
O governo estima que a relação dívida bruta/PIB vai subir a 66 por cento até 2016, ante os atuais 62 por cento. A partir de 2017, a relação se estabilizaria, contrastando com projeções de parte dos economistas, que avaliam que a dívida pode chegar a 70 por cento do PIB no período.
Barbosa disse que a projeção do governo foi baseada em modelo do Banco Central e que as divergências com o mercado podem ser atribuídas a fatores como estimativas para o custo implícito da dívida, o uso de swaps e crescimento da economia, disse a fonte.
O ministro também disse que a política fiscal continua neutra ou contracionista, mesmo após a redução das metas de superávit primário, repetindo declarações dadas mais cedo em entrevista à Reuters.
A meta de superávit primário de 2015 foi cortada de 1,1 para apenas 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2016 e 2017, os objetivos foram reduzidos a 0,7 e 1,3 por cento do PIB, respectivamente, contra 2 por cento anteriormente para os dois anos.
Depois da mudança, o dólar atingiu nesta sexta-feira o valor mais alto em 12 anos, refletindo a piora na percepção de risco do país. Investidores temem que o Brasil perca seu grau de investimento pelas principais agências de classificação de risco nos próximos anos em função do aumento da dívida.