Economia

Bandeira pode ficar vermelha por mais de 6 meses, diz ex-Aneel

O cenário deve-se a mais um ano que caminha para precipitações abaixo da média na região das hidrelétricas brasileiras

Energia: o acionamento da bandeira vermelha acontece se o preço spot da eletricidade, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), ultrapassar a casa dos 422 reais por megawatt-hora (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)

Energia: o acionamento da bandeira vermelha acontece se o preço spot da eletricidade, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), ultrapassar a casa dos 422 reais por megawatt-hora (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)

R

Reuters

Publicado em 13 de março de 2017 às 16h49.

São Paulo - O consumidor de energia elétrica brasileiro pode enfrentar neste ano um período de mais de seis meses de bandeira tarifária vermelha, com uma menor oferta no sistema elétrico gerando uma cobrança adicional nas contas, disse à Reuters nesta segunda-feira o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana.

O cenário deve-se a mais um ano que caminha para precipitações abaixo da média na região das hidrelétricas brasileiras.

As chuvas estão fracas mesmo no período chuvoso, que vai de novembro a abril, disse Santana, que atualmente preside a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), que reúne empresas como Braskem, Dow e Alcoa, entre outras.

O acionamento da bandeira vermelha acontece se o preço spot da eletricidade, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), ultrapassar a casa dos 422 reais por megawatt-hora.

"O PLD já está em quase 245 reais e ainda estamos no período que se poderia chamar de chuvas. Podem ser mais de seis meses de bandeira vermelha, a partir de maio", disse Santana à Reuters.

A bandeira tarifária para março foi definida em amarela, o que representa cobrança extra de 2 reais a cada 100 kilowatts-hora consumidor. Na bandeira vermelha o adicional é de 3 reais por Kwh.

O dirigente da Abrace lembrou que desde 2014 as chuvas têm ficado abaixo da média e dificultado a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, o que faz com que seja necessário ligar termelétricas, mais caras, para atender à demanda, mesmo em um momento em que o consumo de energia vem de dois anos seguidos de retração.

"Como os reservatórios não encheram, a tendência é atender a carga com custos elevados... vamos ter que acostumar a conviver com isso por um bom tempo. Não vai falar energia, é muito provável que não chegue a esse ponto, mas a energia vai ser muito cara", afirmou.

O dirigente ressaltou que, enquanto a bandeira vermelha gera custos adicionais para os consumidores regulados, atendidos por distribuidoras, a elevação do PLD pressiona para cima também os preços de contratos de energia no mercado livre, onde grandes clientes negociam o suprimento diretamente com geradores ou comercializadoras.

Contratos de eletricidade que cobrem todo o segundo semestre de 2017 estão sendo negociados a 260 reais por megawatt-hora, segundo o plataforma de negociação de contratos BBCE, ante cerca de 160 reais no início de fevereiro.

"Isso onera todo mundo, não é bom para uma economia que está agora pensando em possibilidade de crescimento... isso pode ser bem dificultado por causa do custo da energia, tanto no mercado livre quanto no regulado", afirmou Santana.

Acompanhe tudo sobre:AneelChuvasEnergia elétrica

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto