Selic: taxa de juros foi cortada e chegou no menor nível histórico, 5,5% ao ano (NurPhoto/Getty Images)
Reuters
Publicado em 24 de setembro de 2019 às 15h31.
São Paulo — O Banco Central reiterou na ata do Copom divulgada nesta terça-feira, 24, entendimento de que o cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo monetário, em meio a diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis, no que foi entendido como um endosso à leitura de mais corte de juros nos próximos meses.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic a 5,50% na última quarta-feira, dia 18 de setembro, e sinalizou continuidade no ciclo de cortes.
Na segunda-feira, pesquisa Focus mostrou a mediana das projeções para a taxa Selic ainda em 5,00% ao ano no final de 2019 e 2020, mas o Top 5 de médio prazo, composto pelas instituições financeiras que mais acertam as previsões para a taxa básica de juros, reduziu a estimativa para 4,75% no final deste ano e do ano seguinte.
Veja estimativas de algumas casas sobre Selic abaixo de 5,00% ao final do ciclo de redução da taxa:
Previsão de Selic a 4,50% no final de 2019
Os economistas liderados por Carlos Ferraz ajustaram o prognóstico para a Selic, anteriormente em 5,50%, após a decisão do Copom, citando que o comunicado que seguiu a decisão era claramente 'dovish', assim como as previsões condicionais. Eles veem cortes de 0,50 p.p. em outubro e de 0,50 p.p. em dezembro, segundo relatório em 18 de setembro.
Previsão de Selic a 4,75% no final de 2019
Os economistas David Beker e Ana Madeira já estimavam Selic abaixo de 5% e reiteraram sua previsão após a decisão, avaliando que o comunicado do Copom não teve mudanças em termos de próximos passos para a política monetária e que juros mais baixos no mundo, uma ainda fraca atividade doméstica e uma inflação especialmente baixa sugerem que os riscos ainda são de cortes adicionais. Eles veem reduções de 0,50 p.p. em outubro e de 0,25 p.p. em dezembro, segundo relatório em 18 de setembro.
Previsão de Selic a 4,25% em fevereiro de 2020
Os economistas Gustavo Arruda e Luca Maia cortaram a previsão (de 5,00% anteriormente para o fim de 2019) após decisão do BC, destacando que o comunicado divulgado com a decisão foi 'dovish', bem como as projeções de inflação do BC estavam abaixo da meta em todos os cenários. Eles estimam um corte de 0,50 p.p. em outubro, outro de 0,50 p.p em dezembro e mais um de 0,25 p.p. em fevereiro, conforme nota no dia 18 de setembro.
Previsão de Selic a 4,75% ao fim de 2019
O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco, chefiado por Fernando Honorato Barbosa, revisou sua previsão em relatório de 6 de setembro, citando cenário de inflação estável, além de um ambiente de crescimento ainda moderado e sem sinais de retomada sustentada. Após a decisão, no dia 18, os economistas avaliaram que a comunicação reitera a expectativa da casa. O Bradesco prevê corte de 0,50 p.p. em outubro e de 0,25 p.p. em dezembro.
Previsão de Selic a 4,50% ao fim de 2019
O economista Leonardo Porto ajustou sua previsão (de 5,00% anteriormente) após comunicado do Copom e previsões de inflação do BC que ele considerou muito mais 'dovish' que o estimado pelo Citi, destacando ainda o fato de o colegiado ter adicionado um cenário híbrido para projeções de inflação. Para o economista, o objetivo do BC era destacar que a Selic a 5,00% não seria suficiente para conduzir a inflação de volta ao centro da meta em 2020 (4,00%), o que sugere mais espaço para alívio monetário. O Citi passou a prever corte de 0,50 p.p. em outubro e de 0,50 p.p. em dezembro, conforme o relatório do dia 18 de setembro.
Previsão de Selic a 4,50% no final de 2019
Os economistas Leonardo Fonseca e Lucas Vilela revisaram sua projeção de 5% anteriormente após a decisão do Copom, citando perspectiva mais benigna da autoridade monetária em relação ao comportamento da inflação. Eles estimam um corte de 0,50 p.p. em outubro e outro de 0,50 p.p em dezembro, conforme relatório do dia 20 de setembro.
Previsão de Selic a 4,75% no final de 2019
Em relatório do dia 20 de setembro, o JPMorgan reiterou expectativa de corte da Selic a 4,75% ao fim de 2019. Os economistas Cassiana Fernandez, Cristiano Souza e Vinicius Moreira afirmaram acreditar que a comunicação do BC deixou a porta aberta para mais afrouxamento monetário, com a consolidação do cenário benigno para inflação prospectiva devendo permitir ajuste adicional do grau de estímulo. O banco espera corte de 0,50 p.p. em outubro e de 0,25 p.p. em dezembro.
Previsão de Selic a 4,25% em fevereiro de 2020
Os economistas Arthur Carvalho e Andres Jaime cortaram seu prognóstico para a Selic, anteriormente de 5,00%, após a decisão do Copom, citando que o BC deu uma mensagem clara de que vê bastante espaço para reduzir ainda mais as taxas, apesar da recente fraqueza cambial. Também citaram que o tom do comunicado que acompanhou a decisão foi bastante 'dovish', o que significa que, apesar do cenário externo volátil e da moeda mais fraca para o Brasil, ele ainda vê as perspectivas de inflação como favoráveis para a flexibilização das taxas, conforme relatório no dia 19 de setembro. Eles preveem cortes de 0,50 p.p. em outubro, 0,50 p.p. em dezembro e 0,25 p.p. em fevereiro.
Previsão de Selic a 4,50% em fevereiro de 2020
O economista Carlos Kawall e equipe cortaram a previsão para a Selic, que era de 5,00%, destacando que o comunicado pós-encontro foi novamente mais 'dovish' do que eles esperavam, especialmente no que diz respeito às projeções condicionais de inflação. Eles estimam um corte de 0,50 p.p. na reunião de 30 de outubro e mais dois cortes de 0,25 p.p. nas reuniões de dezembro e fevereiro, conforme relatório no dia 18 de setembro.
Previsão de Selic a 4,50% no final de 2019
A equipe de pesquisa macroeconômica do banco, chefiada por Ana Paula Vescovi, já havia reduzido a previsão para a Selic (antes de 5,25%) em relatório do dia 13 de setembro, sexta-feira que antecedeu a decisão do Copom. O banco citou combinação de atividade em lenta recuperação, ampla ociosidade, inflação corrente declinante, expectativas inflacionárias ancoradas e avanço das reformas no Congresso como fatores que abrem espaço para novos cortes na taxa Selic. O Santander espera corte de 0,50 p.p. em cada uma das duas últimas reuniões do Copom neste ano (outubro e dezembro).
Previsão de Selic a 4,75% no final de 2019
Os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos cortaram a estimativa anterior, que era de 5,25%, após a decisão do Copom, citando as projeções da casa para crescimento e taxa de câmbio. Eles trabalham com uma redução de 0,50 p.p. na reunião de outubro e nova redução de 0,25 p.p. no encontro de dezembro, segundo relatório em 19 de setembro.
Previsão de Selic a 4,50% no final de 2019
A economista Zeina Latif cortou sua previsão após a decisão do Copom, de 5% anteriormente, destacando que o BC pareceu mais 'dovish' do que o esperado pela casa, ressaltando que a autoridade monetária parece ver uma janela de oportunidade para trazer a Selic para baixo, aproveitando o quadro de expectativas inflacionárias em queda. A XP trabalha com um cenário de um corte de 0,50 p.p. em outubro e outro de 0,50 p.p. em dezembro, conforme entrevista à Reuters no dia 19 de setembro.