Economia

Bancos lusos podem perder € 2 bi com medidas contra o déficit

Governo quer a transferência dos fundos de pensões dos bancos para o Estado

O governo português quer diminuir o déficit do país (Philippe Desmazes/AFP)

O governo português quer diminuir o déficit do país (Philippe Desmazes/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2012 às 16h52.

Lisboa - O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, estimou que a transferência dos fundos de pensões dos bancos ao Estado pode ter um impacto negativo nos resultados das entidades financeiras do país de até dois bilhões de euros.

O governo conservador português aprovou em dezembro a transferência para a Seguridade Social lusa de seis bilhões de euros procedentes dos fundos de previdência do setor bancário para deixar o déficit público de Portugal em torno de 4%, número 5,8% menor do que em 2010, quando esse índice foi de 9,8%.

Costa, que fez um discurso nesta sexta-feira numa comissão parlamentar, afirmou que o impacto negativo dependerá, no entanto, do método de contabilidade escolhido pelos bancos.

Os bancos portugueses viveram um ano ruim em 2011 devido à dificuldade de financiamento causada pela deterioração da economia, e as principais instituições do país registraram uma brusca queda em seus lucros nos primeiros seis meses do ano, quando suas receitas somaram 479,6 milhões de euros, 46,5% a menos do que no mesmo período de 2010.

A lei que estabelece a transferência da quantia para a Seguridade Social foi recentemente promulgada pelo presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, embora isso tenha sido feito com reservas.

O Executivo considerou que a transferência foi um método 'extraordinário para reduzir o déficit fiscal', mas que 'não contribui' para a viabilidade das finanças públicas, pois apesar de ser registrado como receita, no futuro será uma operação 'onerosa'.

Portugal está realizando severas medidas de austeridades desde maio do ano passado com o objetivo de reduzir seu déficit a 4,5% em 2012. Em troca, o país troca receberá um empréstimo de 78 bilhões de euros concedido pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Governo do país já se comprometeu com ambos os organismos a não voltar a recorrer a iniciativas extraordinárias. De acordo com cálculos extra-oficiais, sem levar em conta a operação com os fundos de pensões, o déficit de 2011 ficará em cerca de 7,5%, a três pontos percentuais da meta exigida pela UE e pelo FMI. 

Acompanhe tudo sobre:BancosDéficit públicoEuropaFinançasPiigsPortugal

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1