Banco Central: bancos projetam que o BC elevará os custos dos empréstimos em 0,25% em junho, para 13,5%, antes de encerrar seu ciclo de aperto montário (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2015 às 19h33.
Alguns dos maiores bancos das Américas dizem que os operadores estão errados ao apostar que o Copom vai sustentar seu ritmo de elevação da taxa de juros em meio à pior contração econômica em 25 anos.
Economistas do JPMorgan Chase Co., do Itaú Unibanco Holding SA e do Banco Bradesco SA projetam que o BC elevará os custos dos empréstimos em 0,25 por cento em junho, para 13,5 por cento, antes de encerrar seu ciclo de aperto montário.
Os traders aumentaram as apostas de que a taxa alcançará os 14 por cento neste ano depois que o BC disse, na semana passada, que os ganhos obtidos no combate a inflação não foram suficientes.
Os economistas consultados pelo BC projetaram que a inflação fechará o ano quase 4 pontos porcentuais acima da meta, mas estão confiantes de que a recessão a colocará mais perto do alvo no ano que vem.
Os operadores podem recuar em suas apostas após dados no próximo mês, como inflação e desemprego, ajudarem a confirmar as previsões de analistas, disse Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco
“Mais de uma dúzia de economistas hawkish concordam comigo que o ciclo já deveria ter sido interrompido”, disse ele por telefone de São Paulo. “Todos nós acreditamos que o ciclo de aperto já foi muito longe. Agora que a economia está realmente se ajustando, a inflação irá, naturalmente, convergir para o centro da meta”.
Pior desempenho
Barros vê uma probabilidade de 60 por cento de o BC subir a Selic em 0,25 ponto porcentual em sua reunião de junho.
Na pesquisa do BC desta semana, os analistas previram que o produto interno bruto terá uma contração de 1,2 por cento em 2015, o que seria o pior desempenho desde 1990.
A economia se recuperará em 2016 e a inflação desacelerá dos 8,3 por cento deste ano para 5,5 por cento, segundo a pesquisa.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, promete reduzir a inflação ainda mais, trazendo-a para o ponto médio da faixa-meta, que vai de 2,5 por cento a 6,5 por cento, até dezembro de 2016. Para cumprir esse objetivo, ele aumentou os juros em 0,5 ponto porcentual por quatro reuniões seguidas, para 13,25 por cento.
Nas minutas de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do BC indicou que ainda não está satisfeito, dizendo que precisa se esforçar mais para combater os aumentos de preços.
As taxas de swaps sobre contratos que expiram em janeiro de 2017 aumentaram 0,13 ponto porcentual no dia em que as minutas foram publicadas, para 13,63 por cento, nível mais alto em mais de um mês.
Os economistas “estão minimizando a mudança mais hawkish no tom do BC”, disse Luiz Eduardo Portella, trader e sócio da Modal Asset Management, por telefone. “O BC quer ganhar a guerra contra as expectativas e está tentando mandar sinais claros”.
‘Deterioramento nítido’
A assessoria de imprensa do BC não respondeu a um e-mail com pedido de comentário sobre sua perspectiva para as taxas.
À parte os sinais emitidos, o Itaú e o JPMorgan esperam que o BC se concentre nos dados econômicos, como o aumento do desemprego, para tomar sua próxima decisão.
A reunião, programada para 2 e 3 de junho, ocorrerá durante o pior trimestre do ano, escreveu o Itaú em uma nota a investidores no dia 11 de maio.
O JPMorgan é o segundo maior banco dos EUA em valor de mercado e o Itaú é o maior da América Latina.
“Nós estimamos um nítido deterioramento nos números da atividade [econômica]”, disse Cassiana Fernandez, economista-chefe do JPMorgan para o Brasil, por telefone. “O mercado de trabalho já está perdendo muita força e continuará assim”, disse ela. “Isso deveria ser suficiente para conter as pressões salariais no futuro e daria espaço para que o BC reduzisse o ritmo do aperto”.