Vista aérea de prédios comerciais e residenciais no distrito financeiro de Manhattan, Nova York (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 22h42.
Nova York - Enquanto os desenvolvedores de Manhattan planejam milhares de metros quadrados em torres de escritórios com as mais modernas instalações, alguns dos seus maiores inquilinos potenciais decidiram que eles estarão melhor ficando nos seus atuais locais.
Cinco dos seis maiores aluguéis em Nova York desde o final de 2012 foram renovações, segundo dados da corretora Newmark Grubb Knight Frank. O Suisse Group, o Citigroup e a UBS – o tipo de grandes companhias financeiras que tradicionalmente constituem o núcleo do mercado de escritórios da cidade – optaram por ficarem quietos após considerarem mudar para arranha-céus novos.
“As principais instituições financeiras não se expandirão consideravelmente”, disse Joseph Harbert, presidente para a região leste da Colliers International, corretora de propriedades comerciais com escritórios em Manhattan. “Se novos prédios forem colocados em aluguel, terão que ser alugados por outros inquilinos”.
As renovações destacam o desafio enfrentado pelos desenvolvedores em busca de inquilinos para as torres tecnologicamente avançadas planejadas no local do World Trade Center e no extremo oeste de Manhattan. As companhias financeiras estão reduzindo suas necessidades de espaço ou procurando reduzir custos, ao passo que muitas das empresas de tecnologia e mídia que foram os consumidores mais ávidos de escritórios do mercado nos últimos três anos já escolheram principalmente prédios mais velhos.
Manhattan possui mais de 25 milhões de pés quadrados (2,3 milhões de metros quadrados) de espaço novo para escritórios, ora completado, ora em construção, ora pronto para começar, segundo dados da Newmark. Mais 6,3 milhões de pés quadrados em escritórios estão em etapa de planejamento.
Proposta de rezoneamento
Ao mesmo tempo, o Conselho Imobiliário de Nova York (REBNY), a associação profissional dos proprietários comerciais da cidade, está fazendo campanha para reviver a tentativa abortada do ex-prefeito Michael Bloomberg de rezonear os distritos de escritórios em volta da Grand Central Terminal para substituir torres velhas e obsoletas.
O grupo citou um estudo publicado em setembro pela Secretaria Independente de Orçamento da cidade, que projetou que a cidade precisa de aproximadamente 52 milhões de pés quadrados de espaço novo para escritórios entre hoje e 2040 para acomodar o crescimento esperado dos empregos e o espaço que poderia ser perdido para conversões e demolições. O ex-prefeito é fundador e dono majoritário da matriz da Bloomberg News, a Bloomberg LP.
“Trata-se de uma questão aberta” se haverá suficiente apetite por escritórios novos para preencher essa quantidade de espaço, disse Harbert. O presidente do REBNY, Steven Spinola, argumenta que os dados de 2013 representam realidades atuais do mercado que podem se reverter abruptamente. A idade média de um prédio de escritórios em Manhattan ultrapassa 70 anos, conforme o REBNY.
Inquilinos da tecnologia
A mistura de inquilinos se deslocou mais para as empresas de tecnologia, publicidade, mídia e informação, que tendem a tomar blocos menores de espaço. Tais empresas “criativas” representaram 24 por cento do mercado de aluguéis no ano passado, mais ou menos a mesma proporção que os serviços financeiros, segundo a corretora Cushman Wakefield Inc. Em 2005, as empresas financeiras constituíam 29 por cento do mercado, ao passo que a indústria criativa chegava somente a 17 por cento. Os escritórios de advocacia caíram de 11 para 8 por cento do mercado.
A “vasta maioria” dos inquilinos que procuram 250.000 pés quadrados ou mais – suficientes para ancorar um novo arranha-céu – escolheu permanecer nos seus locais atuais, disse Isaac Zion, codiretor de investimentos que trabalha para a SL Green Realty Corp., em uma apresentação com investidores em dezembro. Provavelmente a tendência continue, disse ele em entrevista por telefone.
Como as grandes empresas financeiras estão ficando fora do mercado de torres novas, pelo menos por enquanto, os proprietários terão que oferecer “concessões significativas”, disse Richard Bernstein, vice-presidente executivo da corretora Cassidy Turley.
“Os aluguéis aguentarão”, disse ele. “Mas para percebermos o tipo de absorção de que eles precisam, até vermos sinais de mais crescimento, eu acho que eles vão ter que adotar esse tipo de estratégia”.