BC divulga Relatório de Pesquisa em Economia e Finanças e elege as publicações mais prestigiadas do mundo (Dado Ruvic/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 11h30.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 11h32.
Bancos centrais da Ásia à Europa intensificaram medidas para acalmar mercados em pânico depois que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA subiram para o nível mais alto em um ano. As respostas combinaram compras de dívida e ameaças de intervenção.
O banco central da Austrália anunciou mais de US$ 2 bilhões em compras de títulos não programadas, enquanto a Coreia do Sul planeja comprar títulos nos próximos meses. Isabel Schnabel, do conselho executivo do Banco Central Europeu, disse que mais estímulos podem ser injetados se a alta dos rendimentos afetar o crescimento.
Embora a resposta pareça ter acalmado investidores de títulos, é improvável que elimine uma divisão cada vez maior entre traders e bancos centrais sobre o ritmo da recuperação econômica. Autoridades temem que a chamada aposta da reflação - com base que as políticas de estímulo vão aquecer a economia e elevar os preços e que já afeta todos os mercados - possa atingir países que ainda não se recuperaram do choque do coronavírus.
“Obviamente, vimos algumas compras grandes na Austrália fora de sincronia com seu programa normal. Isso não ajudou muito”, disse Iain Stealey, diretor de investimento internacional de renda fixa global da JPMorgan Asset Management, em entrevista à Bloomberg Television.
O BCE, por exemplo, tem “mais munição, mas, como sabemos, a conversa é bastante vazia”, disse.
Na região da Ásia-Pacífico, o banco central australiano assumiu a liderança na tentativa de segurar os rendimentos, um papel tipicamente desempenhado pelo Banco do Japão. Sua oferta de comprar 3 bilhões de dólares australianos (US$ 2,4 bilhões) em dívida teve como objetivo frear a onda vendedora, e o rendimento dos títulos de três anos da Austrália eliminou os ganhos. Os rendimentos dos Treasuries também recuaram em relação à máxima de 1,61% alcançada na noite de quinta-feira, com a entrada de investidores asiáticos.
O BOJ não atuou, mas o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, disse que “é importante que os rendimentos não subam e desçam de repente”. No entanto, o presidente da instituição, Haruhiko Kuroda, disse posteriormente que o BOJ não mudará a meta para os rendimentos e que deseja manter a curva de juros do país baixa.
Há expectativa de que os bancos centrais globais atuem para controlar a alta dos rendimentos, disse Kei Yamazaki, gestor de ativos sênior da Sumitomo Mitsui DS Asset Management, em Tóquio. “As autoridades do Fed têm tolerado o recente aumento dos rendimentos, mas a atual aversão ao risco também fará com que busquem acalmar o mercado verbalmente.”