Economia

Banco suíço vai pagar R$ 2 bi por evasão fiscal

A instituição, citada frequentemente na Lava Jato, estava sob investigação criminal desde 2011 por ajudar clientes americanos a evadir o fisco nos EUA


	Banco suíço Julius Baer: a instituição, citada frequentemente na Lava Jato, estava sob investigação criminal desde 2011 por ajudar clientes americanos a evadir o fisco nos EUA
 (Sebastien Bozon/AFP)

Banco suíço Julius Baer: a instituição, citada frequentemente na Lava Jato, estava sob investigação criminal desde 2011 por ajudar clientes americanos a evadir o fisco nos EUA (Sebastien Bozon/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2015 às 07h54.

Genebra - O banco suíço Julius Baer, usado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e uma das principais instituições financeiras citadas em acordos de delação premiada na Operação Lava Jato, anunciou que vai pagar US$ 547 milhões (R$ 2,1 bilhões) como parte de um acerto com a Justiça americana. A instituição estava sob investigação criminal desde 2011 por ajudar clientes americanos a evadir o fisco nos EUA.

No Brasil, o banco é citado em diversas suspeitas sobre depósitos de propinas e, atualmente, tem diversas contas bloqueadas. Cunha mantém contas no valor de US$ 2,4 milhões.

Ele nega, mas seus advogados entraram na Justiça suíça para impedir que extratos sobre suas movimentações fossem enviadas ao País e o pedido foi negado.

Quem também era cliente do Julius Baer era o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Em março de 2014, suas contas foram bloqueadas. Barusco, assim como Cunha, criou empresas offshore para tentar esconder o dinheiro, segundo investigações.

Em 2013, Barusco abriu uma conta em nome de uma empresa de fachada, a Canyon Biew, no banco RBC da Suíça e transferiu do Julius Baer cerca de US$ 7,1 milhões.

Barusco ainda indicou que, para a abertura das contas na Suíça, utilizou os serviços do mesmo intermediário que ajudou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que tem US$ 23 milhões bloqueados nos bancos suíços.

O intermediário era Bernardo Freiburghaus, com escritórios no Rio de Janeiro e que, desde a eclosão da operação, se mudou para Genebra. Os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Jorge Zelada também contrataram o Julius Baer para investir dinheiro de propina, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato

. Em Berna, fontes confirmam que o Julius Baer está colaborando e que foi do banco que veio em abril um informe apontando para suspeitas de lavagem de dinheiro sobre Cunha. Oficialmente, a instituição não comentar o caso.

Nos EUA, porém, o banco é uma das instituições financeiras suíças processadas por ajudar clientes americanos a retirar dinheiro do país e abrir contas secretas em Genebra ou Zurique.

O banco, para evitar multas ainda maiores, anunciou que chegou a um "acordo de princípios" com a Procuradoria-Geral de Nova York. 

Acompanhe tudo sobre:BancosEuropaFinançasIrregularidadesOperação Lava JatoPaíses ricosSuíça

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo