Economia

Banco Central vende dólares das reservas pela primeira vez em dez anos

O Banco Central já vendeu US$ 200 milhões na manhã desta quarta (21) para segurar o câmbio

Dólar: o Banco Central anunciou que estaria disposto a vender até US$ 550 milhões por dia (Rick Wilking/Reuters)

Dólar: o Banco Central anunciou que estaria disposto a vender até US$ 550 milhões por dia (Rick Wilking/Reuters)

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Agência Brasil

Publicado em 21 de agosto de 2019 às 16h14.

O Banco Central (BC) começou a leiloar hoje (21) os dólares das reservas internacionais para segurar o câmbio. A autoridade monetária vendeu US$ 200 milhões à vista durante a manhã. Esse tipo de operação não ocorria desde fevereiro de 2009, ainda no auge da crise econômica global provocada pela quebra dos subprimes no mercado imobiliário dos Estados Unidos.

A nova estratégia de intervenção no câmbio foi anunciada no último dia 14. O BC pretende vender até US$ 3,845 bilhões de hoje ao dia 29.

Na semana passada, o Banco Central tinha anunciado que estaria disposto a vender até US$ 550 milhões por dia. A demanda, portanto, ficou abaixo do esperado. Além da venda em dinheiro, o BC negociou nesta quarta-feira 4 mil contratos de swap cambial reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro. A oferta total era de até 11 mil papéis.

Um dos principais instrumentos do país contra choques externos na economia, as reservas internacionais estão atualmente em US$ 388 bilhões. Caso os US$ 3,845 bilhões sejam totalmente vendidos, a operação consumirá pouco menos de 1% das reservas externas.

Compradores comuns não podem adquirir dólares das reservas internacionais. Esse tipo de operação está restrita a dealers - grandes bancos e corretoras autorizados pelo BC para atender à demanda de dólares por grandes empresas e outras instituições financeiras.

Novo modelo

Até agora, em momentos de alta da moeda norte-americana, a autoridade monetária leiloava contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Feitas em reais, essas operações não afetam as reservas internacionais, mas têm impacto na posição cambial do BC e aumentam os juros da dívida pública.

Agora, o BC atuará de maneira diferente. Venderá até US$ 550 milhões por dia no mercado à vista e, ao mesmo tempo, comprará o mesmo valor em contratos de swap cambial reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro. Caso a demanda por dólares à vista fique abaixo desse valor, a autoridade monetária completará a operação com contratos de swap tradicional.

Ao justificar a medida, o BC explicou que os swaps cambiais tradicionais são demandados por investidores que querem se proteger da volatilidade no câmbio, mas que uma parte do mercado está demandando dólares à vista por causa da situação econômica.

O novo sistema de intervenção surtiu efeito no primeiro dia. No início desta tarde, o dólar comercial estava sendo vendido a R$ 4,021, com queda de 0,76%.

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