Notas de Real: estimativa é de que serão impressas 450 milhões de cédulas neste ano (Dado Galdieri/Bloomberg/Getty Images)
Victor Sena
Publicado em 29 de julho de 2020 às 15h50.
Última atualização em 29 de julho de 2020 às 19h51.
O Banco Central do Brasil anunciou na tarde desta quarta-feira que o país ganhará uma nova cédula de Real, no valor de R$ 200, com o desenho do animal lobo-guará, a partir de agosto. A data exata ainda não foi revelada.
Serão produzidas 450 milhões de cédulas neste ano. Por segurança, o desenho das cédulas — que estão passando por fases de testes de impressão — não foi apresentado.
De acordo com a diretora de Administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, o lançamento da nova cédula é oportuno porque, devido à pandemia, houve uma demanda maior por papel-moeda no Brasil. Além disso, a diretora reforça que o papel-moeda ainda é a base das transações.
Segundo a diretora, não há relação entre a nova cédula e a desvalorização do real perante ao dólar e nem quanto a perspectivas altas de inflação. A emissão estaria relacionada apenas à demanda por papel-moeda.
"O Banco central entende que é um momento oportuno para o lançamento da cédula de R$ 200. É o Banco Central agindo preventivamente com um possível aumento de numerária (moeda) da população. A gente também vai poder reduzir custos logísticos da distribuição e de produção de cédulas no país", explica.
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, a diretora também apresentou dados que mostram o fenômeno conhecido como entesouramento, durante a pandemia. O entesouramento acontece quando o dinheiro circula pouco devido à formação de reservas. Assim, há mais demanda por meio circulante. Segundo o BC, há uma retenção de papel-moeda "em casa".
Para a diretora da autoridade monetária, momentos de incerteza tendem a levar as pessoas a fazerem saques e acumular dinheiro. "Isso não é um fenômeno do nosso país, e isso gerou um aumento expressivo de demanda nas casas impressoras", declarou.
Além da formação de reservas pela população, outros fatores responsáveis pelo entesouramento foram a diminuição do volume de compras devido às medidas de isolamento social na pandemia e a falta de retorno ao sistema bancário de valores pagos em espécie a beneficiários do auxílio-emergencial, fornecido pelo governo no valor de R$ 600.
Questionada sobre o crescimento dos meios de pagamentos digitais, e da iminência do lançamento do sistema de pagamentos instantâneos PIX, a diretora afirmou que não há contradição na criação da nova cédula.
"São coisas distintas. O uso de papel-moeda e o crescimento de meios digitais de pagamento. O Banco Central endossa o uso de meio de meios digitais de pagamento. Nós vamos ajustar a demanda por meio circulante à medida em que a gente sentir que o dinheiro está retornando ao sistema bancário como historicamente faz".
Em 2001, o Banco Central fez uma pesquisa no Brasil, que perguntou quais animais as pessoas gostariam de ver representados nas cédulas. Na época, só existia a primeira "família" do real, com as notas de R$1, R$ 5, $10, R$50 e R$100.
A tartaruga-marinha foi a mais votada, seguida pelo mico-leão-dourado. Os dois animais já foram representados nas notas de R$ 2 e R$ 20, criadas pouco depois da pesquisa. Em terceiro lugar, estava o lobo-guará, que será representado a partir do próximo mês nas cédulas de R$ 200.
As notas devem custar ao Banco Central o valor de R$ 113,4 milhões para a impressão das novas cédulas.