Argentina: se este ritmo de alta de preços se mantivesse por 12 meses consecutivos, a taxa anual saltaria para cerca de 235% (Erica Canepa/Bloomberg)
Agência de notícias
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 17h16.
O banco central argentino estima que a taxa de inflação mensal em agosto será quase o dobro da de julho por conta da desvalorização do peso, mais um sinal da deterioração rápida da economia.
O banco central estima que os preços ao consumidor saltarão pelo menos 10,6% no mês, a disparada mais rápida desde que a Argentina saiu da hiperinflação há mais de três décadas, disseram autoridades, que pediram para não serem identificadas ao citarem dados internos preliminares e pesquisadores privados como a PriceStats.
Para dar uma ideia da gravidade, se este ritmo de alta de preços se mantivesse por 12 meses consecutivos, a taxa anual saltaria para cerca de 235%. A atual inflação anual já superou 100%. Os preços da carne bovina, hortifrútis e medicamentos são os principais responsáveis pela disparada, segundo uma das pessoas.
Os dados de agosto, que serão divulgados pela agência de estatísticas do país em 14 de setembro, superariam a inflação mensal de 6,3% que a Argentina registrou em julho, confirmando o impacto significativo sobre os preços de uma desvalorização de 18% do peso anunciada pelo governo no início de agosto.
As projeções de alguns economistas são piores ainda. As consultorias EcoLatina, EcoGo e Ledesma estimam que a inflação mensal fique entre 10,8% e 13%. “Estamos vendo um repasse muito elevado porque essa desvalorização ocorreu num contexto de alta incerteza, pouca credibilidade governamental e muito poucas reservas”, disse Santiago Manoukian, chefe de pesquisa da EcoLatina.
Um porta-voz do banco central disse que a instituição não calcula o seu próprio índice de inflação nem confirma estimativas privadas.
O governo do presidente Alberto Fernández desvalorizou a taxa de câmbio oficial em 14 de agosto, depois de sofrer uma derrota nas eleições primárias do país. O banco central também aumentou a taxa básica de juros em 21 pontos percentuais, para 118%.
Como parte do acordo com o FMI, a Argentina concordou em manter a taxa básica acima da inflação “para continuar a apoiar a demanda por ativos em pesos”, de acordo com uma declaração do FMI assinada pela chefe do credor multilateral, Kristalina Georgieva. O país votará para presidente e outras esferas de governo nas eleições gerais de 22 de outubro.