(Divulgação/Banco Central/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 2 de agosto de 2023 às 18h48.
Última atualização em 2 de agosto de 2023 às 20h12.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira, 2. Apesar da falta de consenso entre os economistas, a curva de juros doméstica já precificava probabilidade próxima de 75% de corte nessa magnitude. A decisão dos diretores do Banco Central (BC) também era aguardada pelo governo, em que pese parte dos assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva torcia por uma queda maior, de 0,75 ponto percentual.
Os membros do Copom também sinalizaram que na próxima reunião do colegiado, marcada para 19 e 20 de setembro, a tendência é de novo corte de 0,5 ponto percentual. O colegiado informou que a melhora do quadro inflacionário, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo de corte de juros.
Os diretores do BC também discutiram a possibilidade de reduzir os juros em apenas 0,25 ponto percentual, mas avaliaram que seria melhorar um corte de 0,5 ponto percentual.
"O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juro para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante. A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária", informou o BC, em comunicado.
Tamanha era a pressão do governo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou publicamente, no último sábado, que um corte de 0,5 ponto percentual da Selic teria impacto nos investimentos no país e sinalizaria que a política monetária estimularia o consumo. As declarações foram dadas em entrevista à TV GGN. Haddad voltou a defender uma queda de juros nesta terça.
Principal crítico da gestão de Roberto Campos Neto na presidência do BC, Lula voltou a atacar a autoridade monetária. Segundo o presidente da República, o Copom deveria ter reduzido os juros em janeiro.
"Acontece que esse rapaz que está do Banco Central, me parece que ele, não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil e não entende de povo. Então tem uma lógica, eu não sei a quem que ele está servindo, não sei, sinceramente eu não sei. Aos interesses do Brasil, não é", disse, em um café com correspondentes estrangeiros.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano
A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear todos os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem está investindo.
O Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.
É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo que são feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.
A taxa Selic serve como parte estratégica de combate à inflação no Brasil, e de uma série de medidas de política monetária adotadas pelo Banco Central na tentativa de manter a economia do país estável.
Alguns membros do Banco Central fazem parte do Conselho Monetário Nacional (CMN), que se reúne para discutir e adotar metas para tentar arrefecer a inflação no Brasil, conforme o cenário que se tem no momento. Assim, a taxa Selic é novamente definida por um determinado período.